Saturday, January 16, 2010

Hebe Camargo enfrenta o câncer

Medicina

A luta de Hebe contra o câncer

Na semana passada, a apresentadora do SBT descobriu que tem um tumor raro. Ela reagiu com a força de sempre – e os novos medicamentos para a moléstia, mais eficientes e com menos efeitos colaterais, autorizam seu otimismo


Adriana Dias Lopes

Mário Rodrigues
PALAVRÃO E DETERMINAÇÃO
Hebe Camargo: ela quis começar a quimioterapia logo que soube do diagnóstico de câncer.
E não perdeu o apetite: no primeiro dia de tratamento, pediu que lhe levassem ao hospital
um polvo assado com alho

Na segunda-feira 11, às 20 horas, os médicos que estão tratando de Hebe Camargo entraram em seu quarto na Unidade de Terapia Semi-Intensiva do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para lhe dar uma notícia difícil: ela tem um câncer no peritônio, a membrana que reveste os órgãos das regiões pélvica e abdominal. Hebe, de 80 anos, reagiu com o vigor costumeiro. Disse um palavrão – e em seguida quis se informar sobre o tratamento. A equipe médica, coordenada pelo oncologista Sergio Simon e pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, deu detalhes da quimioterapia, e a paciente determinou: "Quero começar imediatamente". Hebe vem demonstrando o otimismo próprio de sua personalidade. E tem motivos para tanto: medicações que passaram a ser usadas no fim dos anos 90 aumentam a sobrevida para seu tipo de câncer em 80% dos casos – antes delas, o índice de resposta ao tratamento ficava em torno de 50%.

O câncer de Hebe – uma variedade rara, que afeta apenas cinco em cada 100 000 mulheres – tem o nome de carcinoma seroso papilífero primário de peritônio. Silencioso em suas fases iniciais, alastra-se rapidamente. Os primeiros sinais da moléstia – dores e inchaço do abdômen – foram sentidos por Hebe quando ela passava o réveillon em Miami. Na noite da virada de 2010, ela fez a ceia com um grupo de amigos brasileiros no restaurante Gotham Steak, instalado num hotel cinco-estrelas, o Fontainebleau, mas não aproveitou a festa. "A Hebe mal tocou nos assados. E, ao contrário do usual, não bebeu uma gota de álcool", diz um empresário e amigo presente. Nos dias seguintes, Hebe pediu ao sobrinho, Claudio Pessutti, seu companheiro de viagem, que a ajudasse a procurar um gastroenterologista assim que chegassem ao Brasil. De volta ao país, em 5 de janeiro, a apresentadora deu entrada no Hospital Albert Einstein para ser submetida a uma colonoscopia e a uma endoscopia, que descartaram qualquer doença no estômago ou no intestino.

No dia seguinte, uma tomografia identificou um aglomerado de nódulos na região pélvica e um acúmulo de líquido no peritônio. Aventou-se a hipótese de tumor no aparelho reprodutivo. No sábado 9, a apresentadora passou por uma cirurgia diagnóstica por laparoscopia. Durante o procedimento, que teve a duração de três horas, os médicos encontraram cerca de duas centenas de nódulos com até 0,5 centímetro espalhados por todo o peritônio. Vários desses nódulos foram retirados para biópsia. Os cirurgiões também extirparam o ovário e a trompa direitos (Hebe já não tinha útero, extraído há dez anos, quando foi afetado por miomas). Os exames revelaram que o tumor originou-se no peritônio e está restrito a ele.

Em sua forma típica, o carcinoma de Hebe acomete primariamente o ovário, para depois contaminar outros órgãos. O surgimento de um tumor similar no peritônio é raro, e se explica pelo fato de células do órgão reprodutor feminino migrarem para essa membrana ainda na fase de desenvolvimento do feto. O sintoma mais evidente do tumor é o inchaço abdominal. "Os nódulos perfuram a parede do peritônio. O líquido que circula por dentro da membrana escapa por esses microfuros e vai se acumulando", explica Fernando Maluf, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Hebe estava com 6 litros de líquido acumulados, o equivalente a uma gestação de quatro meses.

O tratamento é o mesmo usado no caso de câncer de ovário. Consiste em seis sessões de quimioterapia, cada uma com duração de quatro a cinco horas. O intervalo entre elas é de 21 dias – tempo necessário para o sistema de defesa do organismo se recuperar do bombardeio. Os médicos consideram ainda a possibilidade de, ao fim das sessões, submeter a apresentadora a uma segunda cirurgia, para explorar a região e extrair nódulos que porventura não tenham sido eliminados. Os quimioterápicos utilizados – o paclitacel e a carboplatina – são eficazes em 80% dos casos. "O principal efeito colateral é a queda de cabelos, que afeta mais de 90% dos pacientes", diz Bernardo Garicochea, oncologista da PUC do Rio Grande do Sul. Mas enjoo, infecção e anemia – problemas que, com medicações anteriores, estavam quase sempre associados à quimioterapia – ocorrem em apenas 5% dos casos.

Hebe está reagindo bem ao tratamento. Durante a primeira sessão de quimioterapia, ocorrida no dia 13, sentiu fome e não teve dúvidas: pediu ao sobrinho que encomendasse no restaurante português A Bela Sintra, em São Paulo, um de seus pratos prediletos, o polvo à lagareira, um assado feito com alho laminado e guarnecido com batatas. É a mesma vitalidade que sempre transpareceu na carreira da apresentadora, que se confunde com a história da televisão e do showbiz no Brasil. Hoje no SBT de Silvio Santos, Hebe começou aos 11 anos, cantando em shows de calouro no rádio, e participou dos primórdios da televisão brasileira, na Tupi de Assis Chateaubriand. É uma das artistas mais queridas do país. Sua alta estava prevista para domingo 17.

Rádio Tupi
ESTRELA PRECOCE
Hebe Camargo canta em um programa de rádio, em 1945:
carreira sempre cheia de vitalidade


Com reportagem de Marcelo Marthe

O grande filão dos patrocínios no futebol

Negócios

São 250 milhões em jogo

Os clubes brasileiros de futebol estão faturando altíssimo
com patrocínios – e os valores investidos pelos anunciantes
tendem a aumentar até a Copa de 2014


Gabriele Jimenez

Fotos Fabio Motta/AE, Daniel Kfouri/AFP e Alexandre Guzanshe/Getty Images
Outdoors de chuteiras
O flamenguista Adriano, o são-paulino Rogério Ceni e o cruzeirense Diego Renan:
com as cotas de TV e outras fontes de renda, os times do país faturarão
2 bilhões de reais em 2010


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Os campeonatos estaduais abrem neste fim de semana a mais rica temporada da história do futebol brasileiro. A receita dos clubes nacionais deve superar 2 bilhões de reais. É mais que o dobro do que o esporte captava por ano uma década atrás. Só com patrocínios, os times esperam arrecadar mais de 250 milhões de reais em 2010, segundo a consultoria Crowe Horwath RCS. E ainda sobram interessados em engrossar essa cifra. Às vésperas do início dos campeonatos, os cartolas e anunciantes vivem em clima de permanente leilão. Atual campeão brasileiro, o Flamengo é o melhor exemplo da nova fase. Em 2009, ele negociou os espaços de seu uniforme por 6,5 milhões de reais. Neste ano, a Batavo comprou a frente da camisa flamenguista por 22 milhões, e essa não foi a maior proposta recebida pelo time. O rubro-negro espera arrecadar mais 13 milhões de reais com a venda da área das mangas e dos calções. Poderia ter obtido ainda mais se tivesse aceitado uma proposta da holding Hypermarcas, proprietária de mais de 100 marcas. O negócio estava prestes a ser fechado quando a diretoria do clube carioca descobriu que a mesma empresa pagaria mais por um espaço idêntico no uniforme do Corinthians. Neste ano, a agremiação paulista tem um atrativo especial: seu centenário. Fiando-se nele, espera faturar algo em torno de 50 milhões de reais em 2010. Se o valor for confirmado, será 66% mais que o atual recorde brasileiro de patrocínios, que já pertence ao Corinthians.

As empresas passaram a despejar fortunas nos cofres dos clubes porque descobriram que essa é uma das formas mais baratas de divulgar suas marcas. O São Paulo foi um dos primeiros a quantificar o seu valor. Para negociar seu preço no mercado, mediu sua presença na TV, nas revistas e nos jornais. Pelos preços praticados no mercado publicitário, esse espaço valeria 80 milhões de reais. O clube estimou seu preço em metade desse montante: 40 milhões. Agora, tem essa cifra como objetivo em suas negociações. Nelas, os dirigentes do tricolor exibem sempre o mesmo trunfo: sete anos consecutivos de participação na Copa Libertadores, que alavanca a exposição na imprensa e na TV. A presença no torneio sul-americano é a cereja do bolo do mercado publicitário de futebol. "Em 2008, patrocinamos o Fluminense, que estava na Libertadores, e com isso tivemos uma exposição de mídia que custaria cinquenta vezes mais em anúncios tradicionais", diz Celso Barros, presidente da Unimed do Rio de Janeiro. Neste ano, o interesse dos anunciantes está sendo estimulado também pela realização da Copa do Mundo da África do Sul, que aumenta a atenção sobre o esporte. "Não há dúvida de que o volume de negócios continuará crescente pelo menos até 2014, quando o Brasil sediará a Copa", prevê o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira.

Mesmo os times menos badalados devem alcançar patamares inéditos de patrocínio. O alvo preferencial nessa faixa são as equipes do Nordeste. O futebol é um canal privilegiado para quem quer ingressar ou fixar sua marca no mercado local. A região converteu-se em um chamariz para o segmento da construção civil, que, nesses estados, cresce em ritmo chinês. A construtora OAS, por exemplo, deposita no futebol sua esperança de reconquistar a simpatia do consumidor baiano. Fundada em Salvador, a empreiteira viu minguar seus negócios no estado depois que seu proprietário, César Mata Pires, rompeu com o cacique da política local Antonio Carlos Magalhães. Com a morte de ACM, em 2007, a empresa voltou a investir na Bahia, mas precisava de um veículo para reconquistar prestígio junto à população. Resolveu, então, bancar o Vitória, que está na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, e o Bahia, que participa da segunda. A construtora não fez distinção entre os campeonatos. Cada um dos times receberá 1,5 milhão de reais para estampar o nome da OAS em sua camisa.

Em Pernambuco, o Sport Club Recife caiu para a série B e, ainda assim, conseguiu aumentar o valor de seus patrocínios em 10%. A maior parte será custeada pela Cimento Nassau, sua parceira desde 2005. Também pernambucano e rebaixado para a segunda divisão, o Náutico deve superar o valor dos patrocínios obtidos em 2009. Há dez dias, foi a vez de a Votorantim aderir ao futebol pernambucano. O grupo, um dos maiores do país, anunciou que patrocinará um time da mais baixa série brasileira, a D. Para manter por um ano seu nome na camisa do tricolor Santa Cruz, pagará 650 000 reais, mais do que recebe a maioria dos times da segunda divisão. A Votorantim decidiu entrar no gramado depois que a agência de publicidade Talent apontou o clube como o veículo mais eficiente e barato para seu cliente fazer frente ao Cimento Nassau, concorrente da Votorantim no mercado nordestino. Apesar do mau desempenho em campo, o Santa Cruz é o favorito de 40% dos pernambucanos e teve em 2009 a terceira maior média de torcedores em campo, ficando atrás apenas do Flamengo e do Atlético Mineiro. Prova de que não são apenas os resultados que movem as torcidas – ou os anunciantes.

Com reportagem de André Eler

Quadro: Campeões em patrocínio


As surpreendentes terceiras camisas dos clubes

Esporte

Corintianos roxos,...

...palmeirenses azuis, colorados de dourado, preto fashion
na Lusa. Quando se trata da terceira camisa dos times,
o importante é surpreender – e vender

Fotos Caio Guatelli /Folha Imagem e Pedro Rubens
COMO MEXER EM TIME QUE ESTÁ GANHANDO
No Corinthians do jogador Elias (à esq.), o roxo recebeu vaias, mas bateu recorde de vendas.
No mesmo esquema tático jogam (da esq. para a dir.) as camisas 3 da Portuguesa, em preto
com a cruz metaleira, o azul em tons dégradés do Cruzeiro, o Internacional de dourado
em vez de vermelho, e o verde Palmeiras de azul


Toda vez que dois times que vão se enfrentar usam uniformes parecidos, do tipo capaz de confundir o espectador, dita a lei do futebol que um deles entre em campo com o uniforme reserva, criado especialmente para esse fim. Assunto encerrado? De jeito nenhum. Muitas equipes estão adotando o uso de uma terceira camisa, envergada esporadicamente, mas o suficiente para provocar arrepios nas torcidas mais ortodoxas. E para que exatamente ela existe? Para vender e render dinheiro para o clube, oras. Por isso mesmo, a camisa alternativíssima pode – e deve – destoar do tradicional, causar polêmica, virar assunto de intermináveis conversas. Assim, o Palmeiras, o tradicionalíssimo Verdão, vestiu em uns poucos jogos no ano passado uma camisa azul. Oficialmente, homenagem à cor da Itália; coincidentemente, a cor do logotipo do patrocinador. O alvinegro Corinthians foi pela terceira via com uma camisa toda roxa, criticadíssima, substituída depois por uma listrada de preto e roxo. O colorado Internacional também ousou: sua camisa 3 é dourada. A do azul Cruzeiro continua azul, mas em dégradé. Cada camiseta dessas chega a vender, em média, 150 000 peças por ano, a preços iguais ou até mais altos do que os 100 a 200 reais das duas cores tradicionais. "Ter uma terceira camisa faz uma grande diferença no faturamento tanto do clube quanto da marca esportiva que a produz", diz Fernando Costa, gestor de produtos do grupo que inclui as marcas Reebok e Olympikus.

É o fabricante de artigos esportivos que desenha e escolhe a cor das camisas. Ao clube, cabe aprovar ou não. "Ainda são poucos os exemplos de terceiras camisas inovadoras no Brasil. A torcida e os dirigentes aqui são conservadores. Na Europa, isso é feito com a maior tranquilidade. Eles entenderam que a ideia não é mexer na história do time, e sim criar novos capítulos", diz João Chueiri, gerente de marketing para futebol da Nike, que levou para a camisa 3 do Corinthians o roxo da paixão dos torcedores, sob as vaias de muitos. "Quando se mexe com a tradição de um clube centenário, sempre vai haver descontentes. Mas a roxa bateu recorde: nunca uma camisa do clube vendeu tanto em um fim de semana de lançamento", diz ele. Os corações corintianos podem se preparar que vêm mais novidades. Em 2010, ano do centenário, a terceira camisa do timão é inspirada em pinturas de guerreiros e em São Jorge, padroeiro do clube. E um santo muito fashion, dizem os especialistas no assunto.

Manu Fernandez /AP
ROSA SEM CHOQUE
Cores à europeia: no campeão
Barcelona, a camisa reserva (na foto)
é meio rosa-salmão, a número
3 é amarela e as duas
são fluorescentes


Na Europa, onde a terceira camisa foi inventada pelos ingleses, os times lançam uma versão nova a cada ano, como também fazem com os modelos 1 e 2 – este, aliás, igualmente sujeito a desvios de tonalidade. Inovações são esperadas, apreciadas e, claro, vendidas. O Barcelona, da Espanha, o atual campeão do mundo, quando não joga com o tradicional azul e vermelho, entra em campo, e faz bonito, ou com sua camisa reserva rosa-salmão, ou com a 3, amarelo-ovo, ambas fluorescentes ainda por cima. No Brasil, a moda tem tudo para progredir, até porque pôr o nome do time em produtos diversificados é uma fonte de renda cada vez mais importante nas periclitantes contabilidades futebolísticas e as camisas representam cerca de 80% das vendas nesse nicho. Até o Flamengo, cioso da gloriosa tradição rubro-negra, rendeu-se ao encanto das cores que não têm nada a ver com a sua: em fevereiro, lança uma camisa 3 azul e amarela, como nos tempos em que ainda era, acima de tudo, um clube de remo. "O tecido vinha da Inglaterra. Só quando, por questão de logística, se decidiu fazer o uniforme com tecido nacional, é que se usaram as cores do escudo, vermelho e preto, mais fáceis de ser encontradas aqui em quantidade", diz Fernando Costa. A Penalty ousou mais no ataque estilístico e fez parceria com uma marca de roupa jovem, a Cavalera, que assina a atual e a próxima terceira camisa para a verde e vermelha Portuguesa. A nova, que começa a ser vendida nesta semana, tem uma enorme e metaleira cruz de Avis, aquela com as pontas em formato de flor-de-lis. "Não existe regra. O tema, a cor, tudo pode mudar. O bom do uniforme 3 é ser sempre uma surpresa", teoriza Pedro Souza, gerente de futebol da Penalty. "É como um brinquedinho novo que chega a cada ano." Divirtam-se, torcedores.

Planos de saúde cobrirão novos procedimentos

Medicina

Não existe exame grátis

Os planos de saúde terão de cobrir uma nova – e extensa – gama
de procedimentos médicos. É um avanço desejável,
mas os custos vão subir


Giuliano Guandalini

Divulgação
O PREÇO DO AVANÇO
Exame computadorizado que apresenta imagens tridimensionais dos órgãos e identifica tumores detalhadamente: até 3 000 reais por sessão

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No Brasil, o direito de acesso universal e gratuito aos tratamentos médicos é assegurado pela Constituição. A precariedade do sistema público, no entanto, praticamente obriga as famílias que podem fazê-lo a contratar um plano privado. Ao fim, paga-se dobrado para ter acesso à assistência: primeiro, na forma de impostos; depois, na mensalidade dos planos. Hoje, o custo médio desses planos é de 120 reais. Em uma família de quatro pessoas, isso representa um gasto anual expressivo – de 5 760 reais. Ainda assim, dois em cada dez brasileiros possuem seguro médico. Em São Paulo, estado em que a cobertura privada é mais disseminada, mais da metade da população tem um plano. Cabe à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a tarefa de regular e fiscalizar esse mercado, buscando o equilíbrio entre a qualidade do atendimento e o valor pago pelos segurados. Entre as suas atribuições está listar o rol de tratamentos e procedimentos mínimos que devem ser cobertos, obrigatoriamente, pelos planos de saúde. A cada dois anos esse rol é revisto e ampliado.

Na semana passada, a ANS informou que, a partir de junho, setenta novos procedimentos passarão a ser cobertos. "O objetivo é manter as práticas atualizadas, para que as pessoas tenham acesso aos exames e tratamentos que se revelaram mais eficientes", diz o diretor da ANS, Alfredo Cardoso. A incorporação de novas técnicas é necessária e bem-vinda. Não se imagina que a cobertura dos planos não acompanhe as inovações da medicina. Mas tão inevitável quanto esse avanço é o aumento do custo para as operadoras – que cedo ou tarde será repassado para os segurados. Foi o que ocorreu após a revisão do rol em 2008. Agora, foram introduzidos tratamentos caros, entre eles o transplante de medula óssea e os exames de imagem com PET-Scan (veja o quadro). Além disso, ampliou-se o limite de consultas anuais com psicólogos, fonoaudiólogos e nutricionistas. A avaliação das empresas de saúde é óbvia: o preço das mensalidades deverá subir, só não se sabe quanto.

"O novo rol foi feito com rigor e trará benefícios evidentes para os consumidores, mas as operadoras de saúde suplementar verão subir seus custos", afirma Solange Beatriz Mendes, diretora da Fenasaúde, entidade que representa as empresas do setor. Para Antônio Jorge Kropf, diretor técnico da Amil, não há como abrir mão dos avanços da medicina. "O desafio está em incorporar o que existe de mais moderno e, ao mesmo tempo, combater o desperdício e fazer o bom uso desses recursos", afirma Kropf. Nesse sentido, deve-se destacar que a ANS incluiu no rol de procedimentos as diretrizes que balizam e orientam a utilização das novas técnicas. Assim, o uso do PET-Scan estará coberto apenas nos casos de linfoma e de um tipo específico de câncer no pulmão.

O aumento dos gastos com saúde, tanto públicos como privados, representa um desafio mundial. Em primeiro lugar, pesa o envelhecimento populacional. Quanto maior o número de idosos, mais elevados serão os custos. O valor médio de uma internação para uma pessoa com mais de 60 anos, por exemplo, é de 10 000 reais, o dobro do que as operadoras pagam para pacientes que estejam na casa dos 30 anos. Além da questão demográfica, existe o custo inerente à incorporação constante de técnicas e medicamentos a cada dia mais dispendiosos. O resultado não poderia ser outro: o valor dos planos de saúde tende a subir num ritmo mais veloz que o da inflação. Entre 2003 e 2008, o preço médio das mensalidades subiu 60%, contra uma alta de 30% no IPCA, o índice oficial de inflação. Para as operadoras, isso dificulta a popularização dos planos privados no país e faz com que o porcentual de segurados fique estagnado ao redor de 20% da população. Há quem argumente, por outro lado, que as operadoras acabam se beneficiando, porque os seus segurados, muitas vezes, utilizam serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um exemplo é o tratamento contra a aids. Mas o fato é que a Constituição assegura a todos – pobres e ricos, segurados ou não – o acesso irrestrito aos serviços médicos. A população busca os planos por necessidade – e porque um estado recordista em arrecadação tributária negligencia um dever constitucional.

Com reportagem de Luís Guilherme Barrucho

Enxaqueca: por que a claridade agrava a crise

Saúde

Dá para apagar a luz?

Cientistas americanos descobrem por que a claridade
é um tormento para quem sofre de enxaqueca


Naiara Magalhães

Istockphoto

Quando tinha 17 anos de idade, a advogada paulista Sônia Monteiro teve sua primeira crise de enxaqueca. Abalada pela morte de um tio, passou quase uma semana sentindo fortes dores de cabeça, náusea e uma aversão tão intensa à luz que foi obrigada a ficar dois dias em casa, trancada num quarto com as cortinas cerradas. "Era insuportável abrir os olhos em qualquer ambiente que não fosse escuro", lembra. Com o tempo, as crises foram ficando menos espaçadas e mais fortes. Só os sintomas não mudaram: dor lancinante, intenso mal-estar e nenhuma vontade de ver a luz do sol.

Quem sofre de enxaqueca sabe bem como a passagem para um ambiente claro ou a incidência de um raio de luz sobre a retina pode piorar uma crise. O que ninguém sabia até agora era por que isso ocorria. Um estudo americano publicado na semana passada na revista científica inglesaNature Neuroscience trouxe a resposta para a pergunta. Todas as vezes que alguém olha, por exemplo, para o brilho do sol refletido numa vidraça, o nervo óptico conduz esse estímulo luminoso da retina até o cérebro. O que o estudo mostrou é que, na região do tálamo, neurônios supersensíveis são capazes de reconhecer, ao mesmo tempo, a luz e a dor. No caso de um doente de enxaqueca em crise, portanto, expor-se à claridade é como jogar sal sobre uma ferida. "A luz amplifica a sensação dolorosa", explica o neurologista Caio Grava Simioni, colaborador do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para conduzirem o estudo, pesquisadores da Universidade Harvard e de Utah investigaram vinte pessoas com deficiência visual que sofriam de enxaqueca. Verificaram que as únicas seis que não tinham a dor de cabeça agravada pela luminosidade eram justamente as que haviam perdido o globo ocular ou que tiveram o nervo óptico comprometido por algum motivo – ou seja, aquelas em que os estímulos visuais não chegavam até o tálamo, uma vez que a comunicação entre a retina e o cérebro havia sido interrompida. Os demais voluntários, quando expostos à luz, tinham a dor de cabeça aumentada em até 3 pontos, numa escala de zero a 10. Ao contrário dos seis completamente cegos, estes eram capazes de detectar a presença ou a ausência de luminosidade, por ter preservadas as células da retina relacionadas à chamada visão primitiva – aquela que, apesar de não servir para identificar cores, formas ou movimentos, é capaz de distinguir claro e escuro.

A partir daí, os estudiosos se puseram a observar em ratos as estruturas do olho e do cérebro relacionadas à visão primitiva. Analisaram também o caminho que os estímulos de dor e luz percorrem. Assim, chegaram à conclusão de que, depois de passarem por estruturas cerebrais ligadas à visão primitiva, os estímulos luminosos encontram os estímulos de dor no tálamo. Essa convergência é que reforça a percepção dolorosa (veja o quadro acima), fazendo com que qualquer raio de luz que incida sobre os olhos de um doente de enxaqueca tenha para ele o efeito de setas perfurantes.

Além de agravar uma crise, a luz também pode funcionar como um gatilho para o seu desencadeamento. Outros conhecidos gatilhos da enxaqueca são o jejum prolongado, a ingestão de chocolate e bebidas alcoólicas, as variações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, a privação ou o excesso de sono e a falta de exercícios físicos. "Das bebidas alcoólicas, o vinho é a mais prejudicial para quem tem a doença", diz o neurologista Mario Peres, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Esses fatores deflagram as crises de dor de cabeça, náusea e irritabilidade, ao atuar em neurônios que, sobretudo por razões genéticas, já são hipersensíveis no caso dos doentes de enxaqueca. Questões emocionais como medo, preocupação excessiva, autocobrança exagerada, stress e depressão podem causar, ainda, as sessões de martírio. Um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo mostrou que, entre pacientes com enxaqueca crônica, 76% têm transtornos de ansiedade e 50% apresentam distúrbios do humor. Apesar de afetar tanta gente – 15% da população adulta brasileira e 11% dos adultos no mundo –, a doença ainda é relativamente desconhecida pela população. Boa parte dos doentes confunde os sintomas do mal com sinais de sinusite, pressão alta, problemas na visão, doenças do fígado e até dor na coluna cervical. Frequentemente, neurologistas precisam lançar mão de um bom arsenal de argumentos para convencer pacientes de que a enxaqueca é uma doença neurológica, que nada tem a ver com esses outros males.

Até agora, não se descobriu a cura para esse distúrbio. Para preveni-lo e controlá-lo, os médicos recomendam a adoção de um estilo de vida saudável – que inclui alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e horários regulares – e, para alguns, o uso de medicamentos, como antidepressivos e anticonvulsivantes. Foi só com o uso de medicamento que a advogada Sônia Monteiro conseguiu se livrar das dores de cabeça que a atormentaram por três décadas. Há um longo caminho a ser percorrido antes que os cientistas consigam decifrar todos os mecanismos da enxaqueca. A descoberta publicada na revista Nature Neuroscience é mais um passo para que 16 milhões de pessoas – o número de doentes no Brasil – possam um dia vir a se livrar desse suplício.

Getty Images e Medical RF/Imageplus/RF

O abandono de cães cresce no verão

ociedade

Os amigos abandonados

No verão, quase dobra a quantidade de cães brasileiros que vão parar
nos abrigos ou nas ruas porque seus donos não os querem mais


Nathália Butti

Fotos Manoel Marques e Ernani d’Almeida
Tropa do bem
Fernandez (à dir. na foto) e seus voluntários: novos donos para 2 200 animais em seis anos.
A atriz Betty Gofman (à esq.) com um dos cães que recolheu: a cadelinha na poça de lama
partiu seu coração


Assim como agosto é chamado o mês do cachorro louco, o verão é a estação do cachorro abandonado. Muita gente viaja, não tem onde deixar o bicho e prefere abrir mão dele. A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), que abriga 8 000 cães e gatos no Rio de Janeiro, costuma acolher em média quarenta animais abandonados por dia – no verão, o número sobe para sessenta. Calcula-se que haja no planeta 250 milhões de cães domésticos, 32 milhões deles no Brasil – a segunda maior população canina do mundo, atrás apenas da dos Estados Unidos. Além das férias, entre os motivos mais frequentes que levam muitos donos de cachorros a abandoná-los estão a mudança da família para uma casa menor, a perturbação causada pelos latidos e o desconhecimento do trabalho que dá criar um animal.

Lançar mão de entidades como a Suipa é a opção de muita gente que deseja renunciar ao seu bichinho, mas existem outros recursos menos convencionais – para não dizer cruéis. É comum que os cães sejam simplesmente largados nas ruas e estradas. Há quem lance mão de um truque desonesto: levar o cachorro ao pet shop, para tomar banho, e não voltar para recolhê-lo. Cansados de receber calotes desse tipo, há três meses os proprietários do Pet Center Marginal, em São Paulo, passaram a exigir a apresentação de identidade dos clientes. Dessa forma, podem rastreá-los caso desapareçam. "As pessoas traziam o animal aqui para banho ou tosa e nunca mais vinham buscá-lo", conta Valéria Bento, gerente do estabelecimento.

Para o cão, o abandono por parte do dono é uma experiência devastadora, da qual ele dificilmente se recupera. Os cachorros, como seus ancestrais, os lobos, são programados pela evolução para seguir o líder da matilha. No caso dos cães de estimação, esse líder é o dono – sem ele, o animal fica desorientado e perde suas referências. Muitos recusam comida, entram em depressão e chegam a morrer de tristeza. "Quando o cão tem um líder e o perde, vive uma eterna busca para obtê-lo de volta", diz Hannelore Fuchs, veterinária e psicóloga de animais, de São Paulo. A única forma de reverter a carência e a aflição dos cães abandonados é encontrar-lhes um novo dono. Esse é o papel dos autodenominados protetores independentes, pessoas que, sem o apoio de instituições, recolhem cachorros das ruas, dão abrigo, alimento e vacina aos bichinhos e depois correm atrás de um novo lar para eles.

A atriz carioca Betty Gofman é uma das pessoas engajadas nessa causa. Três anos atrás, ela viu uma cadelinha em meio a uma poça de lama na estrada. Sentiu pena, mas passou reto. Quando decidiu voltar para resgatá-la, soube que havia sido atropelada. A experiência fez com que começasse a recolher animais abandonados nas ruas. "Tenho um acordo com meu marido de pegarmos, no máximo, dois cachorros ou gatos por vez. Nos últimos três anos, já consegui lar para mais de 100 animais e fico com eles o tempo que for preciso", conta Betty, que tem seis animais de estimação permanentes. O trabalho do biólogo Lito Fernandez, de São Paulo, tomou proporções ainda maiores. Depois de encher a casa de animais – já chegou a ter oitenta bichos juntos e a contratar pessoas para ajudá-lo na manutenção –, ele organizou o Projeto Natureza em Forma, que promove a adoção de animais abandonados. O projeto funciona há seis anos, conta com 25 voluntários e já conseguiu lar para 2.200 cães. Fernandez recolhe os animais no Centro de Controle de Zoonoses e os leva a feiras e eventos onde possa haver pessoas interessadas em adotá-los.

Um fator que colabora para elevar o número de cães abandonados é que, de tempos em tempos, torna-se moda possuir um animal de determinada raça. Desde que a collie Lassie fez sua estreia nas telas de cinema, em 1943, basta uma raça ganhar os holofotes para que a procura por seus espécimes aumente (veja o quadro abaixo). Passado o modismo, muitos donos não querem mais saber de exibir o animal, ou acham que ele dá muito trabalho. Há três anos, o empresário paulista Marcelo Januário leu o best-seller Marley & Eu, do americano John Grogan, em que os protagonistas são um labrador e seu dono, e se entusiasmou com a ideia de comprar um cão da mesma raça. Pagou 630 reais por um filhote de fêmea, mas, dois anos depois, precisou doar o animal. "Ela passava muito tempo sozinha, então comia desde sapatos até o controle remoto, destruiu o sofá e latia a noite toda. Eu a adorava, mas não tinha noção do trabalho que dava", explica Januário.

Para estimular a posse responsável de animais e diminuir o abandono de cães nas ruas e abrigos, há dois anos o governo suíço promulgou uma lei curiosa. Quem compra um cachorro, além de registrá-lo, precisa fazer um curso que envolve teoria (necessidades e desejos dos animais) e prática (situações que podem acontecer durante um passeio com o animal, por exemplo). Abandonar o melhor amigo do homem não é hábito só dos brasileiros.






Dicas para um barbear sem incômodos na pele

Guia

Barba sem drama

Uma pesquisa recente da Nivea revelou que o ato de barbear-se pelo
menos uma vez por semana faz parte da rotina de 93% dos brasileiros.
Mais da metade, no entanto, afirma já ter sofrido algum problema
de pele que atrapalha o barbear.


Ana Paula Buchalla

Fotos Pedro Rubens, Felipe Gombossy
e Divulgação

Os mais frequentes, como acne, foliculite, pelo encravado, rosácea e alergia a produtos químicos, podem tornar a prática bastante incômoda. "Quando o quadro se agrava, o ideal é deixar a barba crescer até que o tratamento surta efeito", diz o dermatologista Paulo Ricardo Criado, do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Nem sempre isso é possível. Em algumas empresas e carreiras específicas, como a militar, o rosto lisinho é uma exigência. Especialistas consultados por VEJA mostram como evitar problemas de pele sem interromper o uso das lâminas.

ACNE
O que é: uma doença bacteriana crônica que afeta as glândulas sebáceas, obstruindo os poros. "No Brasil, a acne é a doença de pele mais comum entre homens de até 40 anos", diz o dermatologista Omar Lupi, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Por que atrapalha: afeta justamente o folículo pelo qual o pelo atinge a superfície da pele. Conforme a lâmina desliza, as pústulas se rompem, o que pode deixar cicatrizes e espalhar as lesões

Como fazer: usar aparelhos de três lâminas com molas independentes ou elétricos. Os primeiros são menos traumáticos, pois permitem que as lâminas se adaptem ao relevo do rosto. Nos aparelhos elétricos, elas cortam o pelo sem entrar em contato direto com a pele

Dica dos especialistas: é possível manipular produtos pós-barba com peróxido de benzoíla ou ácido azelaico. A ação bactericida dessas substâncias evita a formação de espinhas

FOLICULITE
O que é: uma infecção que ocorre quando os folículos por onde os pelos nascem são contaminados com bactérias. É mais comum na região do pescoço

Por que atrapalha: deixa a pele sensível e inflamada, aumentando o risco de sangramento. Quando um ponto de pus é rompido, as bactérias podem contaminar a lâmina e se espalhar pelo rosto

Como fazer: usar aparelhos elétricos ou depilação a laser. O barbeador elétrico diminui o risco de cortes. Já o laser é muito usado em regiões como o pescoço, onde o suor e o atrito do colarinho da camisa agravam a situação

Dica dos especialistas: sabonetes e loções pós-barba com pequena quantidade de ácido (salicílico ou retinoico) agem como bactericidas. Compressas geladas de chá de camomila acalmam áreas muito inflamadas

PSEUDOFOLICULITE
O que é: são os incômodos pelos encravados. Geralmente grossos, eles crescem curvados, em forma de anzol. Podem penetrar na pele depois de atingir a superfície ou crescer por baixo dela. Nos dois casos, pode-se desencadear uma reação inflamatória. É mais frequente em negros – acomete cerca de 15% dos brasileiros adultos dessa raça

Por que atrapalha: a inflamação altera o relevo da pele, que fica mais suscetível a cortes. Por ser um processo crônico, podem aparecer manchas e cicatrizes difíceis de ser eliminadas

Como fazer: usar barbeadores elétricos ou aparelhos descartáveis com uma única lâmina. Quanto menor o número de lâminas, menos rente é o barbear, o que previne o crescimento de pelos sob a pele. Prefira os aparelhos elétricos à prova d’água, pois eles permitem que a barba seja feita durante o banho, quando os pelos estão mais macios

Dica dos especialistas: fazer a barba no sentido do crescimento dos pelos evita que eles se encravem. O uso de produtos esfoliantes ou substâncias abrasivas, como o ácido retinoico, afina a pele e facilita a saída do pelo

ALERGIA
O que é: a produção de anticorpos pelo organismo, para neutralizar os efeitos de uma substância que ele não tolera. No caso da barba, o "inimigo" pode estar tanto na composição da espuma de barbear quanto nas loções. "Passar perfume na barba também pode desencadear alergias", explica a dermatologista Luciane Scattone. Embora a intolerância a metais seja mais comum em mulheres, que desenvolvem maior sensibilidade a esse material pelo uso constante de bijuterias, os homens também podem ser intolerantes às lâminas

Por que atrapalha: o processo alérgico crônico só desaparecerá com a suspensão do uso do produto

Como fazer: usar barbeadores elétricos. O aparelho corta os pelos a seco, dispensando o uso de creme ou espuma de barbear. As lâminas de aço inoxidável diminuem o risco de desencadear alergia

Dica dos especialistas: espalhar talco antes de passar o aparelho elétrico. Isso ajuda o barbeador a deslizar melhor na pele seca. Loções pós-barba antissépticas à base de triclosan costumam apresentar baixo grau alergênico

ROSÁCEA
O que é: uma condição genética na qual os microvasos da pele do rosto se dilatam quando ocorrem variações abruptas de temperatura
e luminosidade. A pele fica avermelhada e com alguns pontos de pus. Nos casos mais avançados, há edemas e aumento do volume de determinadas áreas do rosto, como nariz e queixo

Por que atrapalha: extremamente sensível e fina, a pele pode ficar ainda mais avermelhada em contato com lâminas ou produtos químicos

Como fazer: recorrer à depilação a laser. Como qualquer manipulação da pele é prejudicial, indica-se a eliminação dos pelos com ajuda
do laser

Dica dos especialistas: usar filtro solar no rosto diariamente – há até loções pós-barba com fator de proteção solar. Pessoas com rosácea devem evitar ao máximo a exposição aos raios ultravioleta


5 dicas para um barbear perfeito

Robert Recker/Corbis/Llatinstock


Alguns cuidados simples ajudam a preparar a pele antes, durante e depois da retirada dos pelos do rosto. Confira

1. O melhor momento para fazer a barba é logo após o banho. O vapor deixa a pele mais hidratada e os pelos mais macios

2. Utilize lâminas novas. Elas permitem um barbear mais confortável e previnem cortes e irritações

3. Nos fins de semana, dê um descanso à pele

4. Não economize no creme de barbear. Ele forma uma camada protetora que mantém o pelo macio e reduz o atrito entre a lâmina e a pele

5. Quando o pelo cresce, é natural que pinique um pouco. Para aliviar a coceira, use loções com azuleno ou alfabisabolol. Derivadas da camomila, essas substâncias possuem efeito calmante e anti-inflamatório

Cortando o mal pela raiz

Manoel Marques
A depilação a laser no pescoço foi a solução encontrada pelo advogado Daniel Teixeira, de 26 anos, para se livrar da foliculite


É possível trocar o ritual diário de fazer a barba por algumas sessões de depilação a laser. "A presença masculina nos consultórios para este fim saltou de 5% para 30% nos últimos cinco anos", diz Claudio Roncatti, diretor da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia. Entre os métodos disponíveis, o laser de diodo é o mais indicado pelos especialistas

Como funciona: atraída pela melanina – substância responsável pela pigmentação –, a luz do laser destrói a raiz do pelo

Quando não funciona: em pelos muito claros, onde há pouca melanina, e em peles negras. Como a luz não difere a melanina da pele da do pelo, o laser pode causar queimaduras e deixar cicatrizes

Eficácia: embora cerca de 80% dos pelos velhos deixem de crescer, novos fios costumam aparecer quando há alterações hormonais

Inconvenientes: ardência e vermelhidão. Para a maioria das pessoas, o procedimento é doloroso – tem-se a sensação de uma agulhada quente

Duração do tratamento: de quatro a oito sessões, com intervalo de um mês entre uma e outra

Cuidados: não expor o local ao sol por pelo menos quinze dias, para evitar manchas

Preço médio da sessão: de 250 a 300 reais (pescoço) e de 550 a 1 000 reais (barba)


Aliados ou inimigos

Barba, cavanhaque e até costeleta podem salientar ou esconder imperfeições do rosto

Barba cheia

Fotos Istockphoto

Indicada para: rosto quadrado ou triangular. Neste caso, a barba redesenha maxilar e queixo estreitos

Como fazer em casa: retirar os pelos das maçãs do rosto, formando uma linha reta. Na parte inferior, a barba não deve ultrapassar o pomo de adão. "Aparar os pelos semanalmente dá um aspecto de barba bem cuidada", diz o cabeleireiro Nilo Leal, da Casa Mauro Freire, em São Paulo. Use aparadores específicos ou máquinas para cortar cabelo

Barba "por fazer"

Indicada para: todos os formatos de rosto. O estilo mais estreito que segue a linha da mandíbula destaca essa área da face e fica melhor em rosto quadrado

Como fazer em casa: apesar de deixar um ar aparentemente desleixado, esse tipo de barba requer cuidados. Precisa ser aparada com máquina regularmente e, assim como a cheia, deve ir, no máximo, até o pomo de adão. O pescoço fica lisinho e somente a parte de baixo do queixo "por fazer"

Cavanhaque

Indicado para: qualquer formato de rosto. É uma opção para quem quer disfarçar lábios finos, boca estreita ou queixo retraído, mas pode afinar ainda
mais o rosto muito magro

Como fazer em casa: as linhas laterais devem ficar a cerca de 1 centímetro da boca. O contorno inferior termina com o queixo, dando um efeito de pescoço e "papo" lisos. Ao desenhar o cavanhaque, não entorte a boca nem incline a cabeça

Costeleta

Indicada para: rosto redondo, triangular ou quadrado. As costeletas curtas são indicadas para quem tem o maxilar estreito. As compridas emolduram o rosto quadrado

Como fazer em casa: a costeleta média termina na altura da saliência cartilaginosa na entrada do ouvido. "Cortar a costeleta na diagonal, deixando a parte da frente um pouco mais comprida, afina o rosto redondo", ensina Dario Beca, do Studio W, em São Paulo

Fontes consultadas: os dermatologistas Adilson Costa, Denise Steiner e Jorge Mariz e as empresas Gillette e Panasonic

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