Tuesday, January 20, 2009

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  Celso Ming         À espera do amanhecer

"A hora mais escura é a que precede o amanhecer."



Este é um antigo provérbio irlandês lembrado em 1940 pelo então primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill, quando se referia ao momento de maior prostração da 2ª Guerra Mundial para os aliados, aquele que abrangeu a queda da França e a invasão da Rússia pelas forças alemãs.



O significado mais profundo desta frase não é o de que é simples identificar o pior momento de uma calamidade, mas o de que sempre há esperança, mesmo que a hora mais difícil não tenha ainda sido identificada.



O presidente Barack Obama, que toma posse hoje no comando do país mais poderoso e mais rico do mundo, tem transmitido esta mensagem, com outras palavras. Ainda no domingo, no seu pronunciamento no Lincoln Memorial, em Washington, não escondeu a prostração do momento. Advertiu que serão necessários mais de um mês e mais de um ano, e provavelmente "muitos anos" para acabar com a crise. Lembrou, também, que a solução não está fora; tem de ser encontrada no coração de cada americano.



Esta é a hora de grande insegurança, de descontrole, de falta de confiança e de falta de perspectiva para o americano médio. A insegurança não decorre apenas das perdas patrimoniais que a crise impôs às empresas, ao assalariado e ao aposentado. Decorre de mil outras razões.



Esta é uma crise sem precedentes. Ninguém sabe ainda como pode se desdobrar. São mares não mapeados que podem esconder recifes traiçoeiros. A insegurança maior é o desemprego que ataca 72 a cada 1.000 trabalhadores americanos e pode se aprofundar.



Nisso vai sendo abalada a base da autoconfiança americana, que é a crença de que o futuro pode ser construído com inteligência, planejamento e trabalho duro e de que basta confiar e perseverar.



Mas a percepção da hora é a de que as autoridades estão às cegas. Não previram, não identificaram a tempo, não evitaram o estouro da bolha. Quando reagiram, fizeram bobagem, como entregar o banco Lehman Brothers à sua própria sorte. Depois, trilhões de dólares passaram a ser despejados sobre focos sucessivos de incêndio, sem conseguir debelá-los. E tudo isso vem sendo feito sem prestação de contas à sociedade.



Quem está no comando não sabe quanto valem os ativos que estão sendo comprados com recursos públicos. É uma administração pública que não passa segurança. Quando o presidente Bush foi à TV e tentou reerguer o moral da população, ninguém o levou a sério.



Até agora, não foi atacada a fonte primária da aflição que tomou conta das classes médias americanas: a desvalorização dos imóveis. A deterioração do poder aquisitivo dos mutuários e a execução das hipotecas, por sua vez, acentuam a desvalorização dos imóveis.



A mensagem central de Barack Obama é de que chegaram os tempos de mudança que, no entanto, não mudam o principal: o de que tem de se fundamentar no retorno aos valores deixados pelos ancestrais ("father founders").



O desafio é imenso, o amanhecer pode demorar, a confiança tem de ser maior ainda.



CONFIRA



Inesperado - O governo Lula parece espantado com a violência do fechamento de postos de trabalho: 650 mil só em dezembro, a mais forte em dez anos.



Quem apostava na marolinha deve agora estar muito preocupado com a tempestade.



Essa queda abrupta pode não ter a ver com a crise externa. Pode ser consequência da expansão rápida do crédito nos três últimos meses.



O consumidor ficou endividado, está pagando carro, geladeira, o cruzeiro marítimo com as crianças... Assim, o mercado encolheu de repente e as empresas passaram a demitir.


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Miriam leitão Blog Vendas da indústria reafirmam que crise chegou cedo

Queda em novembro

Vendas da indústria reafirmam que crise chegou cedo

A indústria brasileira sofreu uma queda de quase 10% nas vendas de novembro frente outubro, divulgou hoje a CNI. Isso significa que a crise chegou ao país de forma muito mais rápida do que se imaginava.

Isso porque a indústria produz basicamente para o comércio. E se já houve redução nas vendas em novembro, significa que no mês de outubro o comércio varejista já havia sofrido uma retração tanto nas vendas quanto nas expectativas.

De acordo com o economista Antônio Madeira, da MCM Consultores, como o comércio estava muito estocado, a opção diante do agravamento da crise financeira internacional foi fazer menos pedidos à indústria.

- É um processo doloroso quando se deixa um ritmo de crescimento de 5% para menos da metade. Todos estavam muito estocados, e isso significa menos pedidos e menos produção. Com menos receita a solução é cortar custos o que quer dizer redução de salários, férias coletivas e demissões - explicou.

A boa notícia, segundo Madeira, é que como a indústria vinha investindo muito, houve também uma redução na capacidade instalada do país. Como não teremos risco de falta de oferta, é menos uma preocupação para o BC e mais um motivo para corte de juros na reunião que termina amanhã.

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