O fenômeno Avatar
Não é só por ser inovadora e linda que a ficção científica do diretor
James Cameron está prestes a romper a barreira dos 2 bilhões
de dólares. É também porque fala às contradições de seu tempo
Isabela Boscov
Na segunda-feira, quando as salas de cinema estiverem terminando de computar a frequência do fim de semana, a única dúvida do estúdio Fox será: com que margem Avatar, de James Cameron, ultrapassou a marca dos 2 bilhões de dólares na bilheteria mundial? Que será o primeiro filme da história a fazê-lo, é certo. Na quinta-feira, havia fechado as contas com o total de 1,9 bilhão, em preparação para seu sétimo fim de semana consecutivo como o filme mais popular em cartaz. Um único outro título conseguira até hoje reunir recordes tão impressionantes: Titanic, também de Cameron, que foi a primeira produção a cruzar a marca do 1 bilhão de renda e, durante doze anos, deteve o posto de campeão absoluto, com a soma final de 1,843 bilhão. Essa, Avatar ultrapassou na segunda-feira 25, com a mesma facilidade com que o corredor jamaicano Usain Bolt rompe as linhas de chegada e deixa para trás, na poeira, adversários que até seu advento tinham todo o direito de se considerar quase que super-homens. Como Bolt, Avatar é um velocista de uma categoria até aqui inédita. Levou dezessete dias para alcançar um recorde que, a Titanic, tomara três meses. Em mais 22 dias, acumulou a diferença que o separava do campeão. Com discrição supersticiosa, os executivos da Fox não especulam sobre o número final com que Avatar vai subir ao pódio. Alguns observadores arriscam a cifra de 2,5 bilhões de dólares. Mas, em vista do ritmo com que ele atrai pagantes aos cinemas - até aqui, amealha a média diária de 45 milhões -, essa pode ser uma estimativa conservadora.
O que faz um filme ir tão completamente ao encontro das expectativas do público é um segredo cuja chave Hollywood pagaria qualquer preço para possuir. Às vezes ela cai em suas mãos e resulta em ícones culturais (e contábeis), como ...E o Vento Levou, E.T. - O Extraterrestre e a série Star Wars. Mas quase sempre ela se perde de novo: nada é mais difícil do que replicar um sucesso aproveitando-se de sua fórmula. Até porque "fórmula" é uma palavra que se deve usar com reservas. Chumbo não pode ser transformado em ouro, como queriam os alquimistas e desejam os imitadores contumazes que podem ser encontrados em qualquer estúdio de cinema. O que os grandes fenômenos de Hollywood, entre eles os filmes de James Cameron, mostram é que só ouro vira mais ouro. Não apenas no sentido do dinheiro farto para produzir um enredo com todo requinte técnico disponível. As substâncias preciosas que deflagram essa reação química entre público e filme são de outra ordem: criatividade, talento no narrar de uma história e a habilidade para captar os impulsos que afetam uma sociedade em certo instante e traduzi-los na forma de imagens, personagens e tramas. Esse é um dom raro. Ele está para a criação artística assim como está para a química o unobtainium (palavra que é brincadeira corrente entre aficionados da ciência e significa "o que não pode ser obtido"), o minério singular que os seres humanos garimpam na lua Pandora, cenário de Avatar.
Cameron iniciou sua carreira com uma produção barata, que imediatamente se integrou à cultura pop graças a esse dom - O Exterminador do Futuro, uma cristalização das angústias então ainda vagas provocadas pela escalada tecnológica e bélica que marcou a década de 80. Desdobrou o tema com estrondo comparável em Aliens - O Resgate e em O Exterminador do Futuro 2. Tomou um tombo com O Segredo do Abismo, um filme instigante, mas que poucos apreciaram. E depurou esse seu talento até um ponto que parecia ser insuperável com Titanic, uma explosão de grandiosidade e romantismo numa Hollywood que andava, em fins dos anos 90, apequenada e exaurida. Em número de ingressos vendidos, Avatar ainda está longe de Titanic - não só o preço real do bilhete aumentou desde então, como os ingressos para as sessões 3D são mais caros, e é deles que vem a maior parte da arrecadação de Avatar. Mas o unobtainium da sintonia com a plateia está lá, cintilando nos recordes que ele vem quebrando.
Avatar tem um componente primordial de interesse para o público contemporâneo: a inovação tecnológica, expressa aqui em um salto substancial na aplicação do formato 3D, que o diretor usa não como truque, mas como recurso de imersão no mundo de Pandora. Essa experiência sensorial sem paralelo responde por muito do apelo do filme. Mas, se ele resiste ao esgotamento do aspecto novidadeiro e se mantém firme em sua ascensão, é porque o que Avatar tem a dizer ressoa junto ao espectador. O filme tem uma mensagem ecológica que, claro, está em voga. Prega-a com simplismo irritante: o povo nativo de Pandora, os Na’vi, pertence à natureza e é parte dela (inclusive, liga-se a ela por meio das estranhas fibras de suas tranças, o que rende um punhado de cenas meio embaraçosas). Isso, diz o filme, é certo. Errado é violar essa relação telúrica com propósitos comerciais, como faz a corporação industrial-militar que extrai minério em Pandora.
É inegável, contudo, que Cameron faz a plateia - inclusive a parte dela que se irrita com seu ecossentimentalismo - amar Pandora e desejar estar lá, como seu protagonista, o ex-marine paraplégico Jake Sully (Sam Worthington), que, quando ocupa seu avatar, pode correr livre por cenários de beleza estupefaciente. O diretor, um narrador habilíssimo, leva quem vê essas paisagens a sentir a embriaguez de Jake. Ele é, em muitos sentidos, o avatar do espectador em outro mundo.
Cameron é um aficionado da ciência que detesta ser pego em erros. Em Avatar, cercou-se de especialistas em áreas tão diversas quanto a linguística, a botânica e a astrofísica para que o mundo de Pandora, ainda que fantasioso, fosse hipoteticamente possível. Muitos dos aspectos do roteiro que podem parecer invenção pura têm na verdade sólidos fundamentos científicos (veja as explicações nos quadros que acompanham esta reportagem). Não por acaso, o diretor é simpático aos personagens que têm ligação com a ciência, como a botânica interpretada por Sigourney Weaver. Mas Cameron é um entusiasta também da tecnologia, e não só da que serve ao cinema. Já foi consultor da Nasa em projetos de exploração de Marte. Pode-se deduzir, portanto, que não é contrário à presença humana em mundos intocados. Alguns deles, os das profundezas dos oceanos, já visitou várias vezes. Em Avatar, entretanto, tudo o que seja associado à tecnologia é carregado de negatividade (um traço que está no cerne também de O Exterminador do Futuro eTitanic). Existe aí um paradoxo. Cameron, que vai a extremos em tudo o que faz, é um apaixonado pela natureza e um obcecado pelo aprimoramento tecnológico. É, assim, também ele um avatar de qualquer um de nós, desejosos de todo avanço e ao mesmo tempo nostálgicos de uma natureza que, nessa corrida, tratamos de massacrar. O cineasta, enfim, é um homem cindido por uma contradição - mas ela é a contradição essencial do seu tempo. Por isso tantas pessoas sentem que ele lhes fala de perto, e pagam para ver o som, a fúria e a beleza que ele sabe criar.
A CIÊNCIA NA FICÇÃOAvatar é ficção, claro. Mas mostra um surpreendente conhecimento e respeito pelo que de mais avançado as várias áreas da ciência que abrange andam produzindo. A seguir, o seu placar: AS FORMAS DE VIDA BIOLUMINESCENTES Fotos divulgação
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No filme: em Pandora, diversas das espécies de plantas e animais brilham no escuro
Na ciência: a habilidade de alguns organismos para criar sua própria luz, ou bioluminescência, não é incomum na Terra. Pode ser observada em vaga-lumes, algas e em várias criaturas das profundezas marinhas, aonde a luz solar nunca chega. Pandora é uma lua e, como a nossa Lua, está "amarrada" ao seu planeta-mãe. Tem portanto uma face permanentemente voltada para o planeta e outra permanentemente voltada para o espaço. Ou seja, um dia lunar equivale a uma órbita completa em torno do planeta-mãe. Para efeito de comparação, um dia da nossa Lua equivale a 27 dias terrestres e uns quebrados (todas as fases da Lua, de ponta a ponta), o que significa que sua noite é mais ou menos metade disso. Muito tempo no escuro - e, assim, todo um ecossistema bioluminescente poderia ter emergido em Pandora, postula James Cameron, como os que se formaram em zonas muito profundas dos oceanos terrestres O veredicto: embora a situação seja hipotética e não possa ser verificada pela ciência de que se dispõe - uma vez que não conhecemos mundos com vida além do nosso -, ela faz sentido teórico. Ponto para Avatar A LOCALIZAÇÃO DE PANDORA No filme: Pandora é uma lua do planeta Polyphemus, no sistema de Alfa Centauro, a cerca de 4,4 anos-luz da Terra. Lá, sob a luz branca e ligeiramente amarelada da estrela Alfa Centauro A, semelhante ao nosso Sol, florestas luxuriantes suportam um grande número de formas de vida, inclusive a população tribal chamada Na’vi
Na ciência: Alfa Centauro, constituído de três estrelas, é o sistema solar mais próximo do nosso. Vários times de astrônomos, em particular das universidades Yale, nos Estados Unidos, de Genebra, na Suíça, e de Canterbury, na Inglaterra, estão numa corrida para identificar planetas e luas com condições mínimas de abrigar vida que porventura existam ali. Já se sabe que planetas gigantes como o fictício Polyphemus, que Avatar diz ser semelhante a Júpiter, não existem. Mas mundos de escala como a da Terra ainda são uma possibilidade. A favor de Alfa Centauro conta também o fato de que dois de seus sóis têm composição química similar à do nosso e propiciam a existência de uma zona branda - em que, se houvesse água na superfície de um mundo, ela poderia estar em estado líquido - de dimensões bem razoáveis O veredicto: pela proximidade e pelas possibilidades que sugere, Alfa Centauro é uma excelente escolha para situar Pandora. Ponto para Avatar AS MONTANHAS FLUTUANTES No filme: um dos cenários mais deslumbrantes são as Montanhas Hallelujah, enormes blocos de rocha, cobertos de vegetação, que flutuam no céu de Pandora como nuvens sólidas. Isso acontece porque elas contêm grande quantidade do minério unobtainium, um supercondutor que preserva suas propriedades à temperatura ambiente, e estão localizadas em zonas de grande atividade magnética
Na ciência: os supercondutores identificados até hoje são capazes de conduzir eletricidade sem resistência apenas em temperaturas muito negativas. Mas, se um minério como o unobtainium existisse, o quadro seria hipoteticamente possível: materiais que contenham supercondutores tendem a flutuar na presença de um campo magnético. As montanhas seriam, assim, uma espécie de versão radical dos trens Maglev (contração de Magnetic Levitation) usados no Japão, que flutuam sobre os trilhos O veredicto: é o tipo de premissa que só faz sentido por manter a coesão com o universo do filme - não com o universo conhecido. Avatar perde ponto A VIAGEM ATÉ PANDORA No filme: naves equipadas com motores híbridos de fusão de antimatéria levam os seres humanos até Pandora a uma velocidade horária que corresponde a sete décimos da velocidade da luz. Ainda assim, a viagem leva algo como seis anos
Na ciência: não se conhece reação energética de fins propulsivos mais poderosa do que aquela propiciada pelo choque, e aniquilação mútua, de partículas de matéria e antimatéria. Essa reação pode ser usada diretamente como combustível ou aplicada à fissão ou fusão de outros materiais - como em Avatar. Primeiro probleminha: os preços intergalácticos. O acelerador de partículas do Cern, na Suíça, produziu até hoje não mais do que alguns nanogramas de antimatéria. Calcula-se que, hoje, cada micrograma custaria 60 bilhões de dólares. Segundo empecilho: o armazenamento de um combustível tão volátil por distâncias e períodos tão extensos. Terceiro: é improvável que, usando antimatéria para fins de fusão, se conseguisse energia suficiente para alcançar sete décimos da velocidade da luz O veredicto: superados esses probleminhas, dizem especialistas em propulsão, o processo escolhido por James Cameron seria ideal. E para isso existe a ficção, claro - para criar o ideal onde ele é impossível. Ponto para Avatar OS AVATARES No filme: o genoma de um ser humano é combinado ao dos Na’vi, a população nativa, para a criação de um avatar - um corpo igual ao dos Na’vi, capaz de sobreviver no ar tóxico de Pandora, mas controlado telepaticamente, por meio de uma interface ultrassofisticada, pelo homem ou mulher que é "dono" desse corpo. Para o protagonista Jake Sully, a experiência é inebriante: ele está paraplégico, mas, quando ocupa seu avatar, pode se movimentar com toda a liberdade que perdeu - e mais um tanto
Na ciência: o primeiro passo desse processo, a criação de uma interface cérebro-máquina, é a grande ambição de projetos como o liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis na Universidade Duke, no estado americano da Carolina do Norte: a equipe de Nicolelis vem trabalhando no desenvolvimento de uma "neuroprótese" - um aparato que, "vestido" por uma pessoa paralisada e comandado por seu cérebro, permita que ela se movimente. Em 2008, eles obtiveram um avanço impressionante. Treinaram um macaco Rhesus para andar ereto numa esteira. Eletrodos captaram os sinais neuronais do animal enquanto ele caminhava e os enviaram via internet a um laboratório no Japão, onde um robô usou esses sinais para sincronizar seus movimentos com os do macaco. A partir daí, os pesquisadores vêm ensinando os macacos a controlar seus próprios avatares. Vários experimentos já tiveram sucesso no comando a distância de braços robóticos - que possibilitariam, por exemplo, a realização de cirurgias remotamente, com o cirurgião num ponto do planeta e o paciente em outro. Outros grupos de pesquisa ainda trabalham na interface cérebro-máquina para ajudar pacientes a sintetizar uma voz ou a mover cursores de computador com as ondas cerebrais O veredicto: a experiência extracorporal do protagonista coincide com a mais revolucionária pesquisa nessa área. Já a transposição da sua consciência para um avatar é uma impossibilidade completa, diz Miguel Nicolelis. Mas quem achou que esse aspecto poderia ser viável já anda por conta própria no mundo da lua. Ponto, portanto, para Avatar AS SUPERARMADURAS No filme: os soldados estacionados em Pandora usam, para trabalho ou combate, enormes veículos blindados exoesqueletais que amplificam seus movimentos: o operador move o braço ou a perna alguns centímetros, e a armadura descreve exatamente o mesmo movimento em escala muito maior e com força enormemente ampliada por seu sistema hidráulico - uma versão ainda mais futurista da superempilhadeira com que Sigourney Weaver lutava com o monstro em Aliens - O Resgate, também de James Cameron
Na ciência: o Exército americano adoraria dispor de armaduras como essas, com que os soldados pudessem carregar equipamento pesado e armas de grande porte em situações de combate e resgate e também para a fisioterapia de combatentes feridos. Tanto que, desde 2000, sua Agência de Pesquisa de Projetos de Defesa Avançados (Darpa) já destinou várias dotações orçamentárias para esse tipo de programa. Até o momento, desenvolveu uma máquina de cerca de 70 quilos, chamada XOS, ajustada aos braços, pernas e torso do operador, possibilitando que ele levante pesos repetidas vezes sem nem transpirar, mas seja capaz também de movimentos finos como subir escadas ou chutar uma bola. A maior desvantagem da XOS é que ela ainda necessita estar ligada por cabo a uma fonte de energia, o que reduz drasticamente seus usos O veredicto: um especialista do programa militar americano ouvido pela revista Popular Mechanics diz que a armadura imaginada por Cameron "tem muito de Hollywood" - mas não deixa de ser um excelente exemplo de "uma plataforma versátil, capaz de uma ampla gama de ataques". Traduzindo o militarês: se ela existisse, o Pentágono já estaria emitindo as faturas de compra. Ponto para Avatar OS ANIMAIS COM SEIS PATAS No filme: as criaturas que habitam Pandora são muito peculiares. Em geral são grandes, e muitos dos animais têm seis patas Na ciência: a gravidade reduzida de Pandora explicaria por que esse mundo suporta formas de vida agigantadas. O hexapodismo - ou seja, a existência de seis membros -, tão comum entre suas espécies, poderia parecer, assim, contraditório: em tese, o maior número de membros seria para suportar mais peso. Mas o hexa e multipodismo é, na Terra, mais comum justamente entre os seres menores, os insetos O veredicto: não há nenhuma razão determinante, do ponto de vista biológico, para que as criaturas de Pandora sejam como são. Mas também não há erro gritante em sua concepção.Avatar não ganha pontos aqui, mas também não perde nenhum |
ANATOMIA DE UMA NA’VIO povo nativo de Pandora é o ponto em que Avatar mais toma liberdades com a ciência - mas nem tantas assim 1. Seios e umbigo Fazem sentido? Não. Os Na’vi não são mamíferos placentários. Ou seja, não são gestados no útero, recebendo nutrientes e hormônios por meio de um cordão umbilical ligado à placenta. Assim, não deveriam ter umbigo, e as mulheres não necessitariam ter glândulas mamárias para alimentar seus filhos. Mas ambos expressam a forma humana. "Se estivessem ausentes, isso poderia causar um choque no espectador", diz Renato Sabbatini, neurocientista da Unicamp
2. Altura de 3 metros Faz sentido? Sim. A gravidade em Pandora é ligeiramente menor que a da Terra, o que possibilita a existência de seres maiores. Para tanto, porém, são necessários um sistema circulatório que consiga transportar o sangue até os extremos, como nas girafas, e uma estrutura óssea que suporte o peso - e o esqueleto dos Na’vi, segundo o filme, é ultrarresistente 3. Cauda Faz sentido? Mais ou menos. A cauda é um contrapeso necessário para o equilíbrio. Os Na’vi a utilizam para se movimentar sobre as árvores - mas seu esqueleto já bastaria para tal. Já a sua postura ereta, como a dos seres humanos, é de fato fundamental para a locomoção eficiente de um bípede. As crianças, por exemplo, que ainda não fortaleceram os músculos das costas e do abdômen, têm dificuldade na locomoção sobre as duas pernas - por isso, engatinham e caem quando tentam andar 4. Corpo delgado e musculoso Faz sentido? Sim. Pouca gordura corporal e muito músculo, características dos Na’vi, ajudam na agilidade e na locomoção 5. Pele azul Faz sentido? Sim. A lua Pandora provavelmente recebe grandes quantidades de radiação do planeta gasoso a cuja órbita pertence. A cor azul tem muita energia, e funcionaria como uma espécie de proteção Fontes: Rafael Campos Duarte, biólogo do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo; Guilherme Melo Serrano, mestre em genética da Unicamp; Sérgio Bueno, biólogo e professor do departamento de zoologia da Universidade de São Paulo; Renato Sabbatini, neurocientista da Unicamp |