Difícil resistir: toda mamãe que tem queda por
roupas e recursos para bancar caprichos, próprios
ou filiais, cultiva em sua filhinha um estilo Suri de ser
Cristiane Sinatura
Lailson Santos
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ARMÁRIO COMPLETO Maria Eduarda, 6 anos: bolsinhas de grife e cinco pares de óculos para combinar com as roupinhas nunca repetidas de cada dia |
The Grosby Group
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COPIADINHA Suri Cruise, 3 anos: saltinho, batom e estilo da menina mais imitada do mundo |
Mãe que é mãe dificilmente resiste a comentar as roupinhas cheias de estilo, as bolsas graciosas e os sapatinhos de salto do guarda-roupa de, calcula-se por alto, 3 milhões de dólares de Suri Cruise, 3 anos, a encantadora filha de Tom Cruise e Katie Holmes. Pode ser para falar mal - onde já se viu botar salto em criança? -, mas geralmente é para se derreter de vontade de encontrar alguma coisa igualzinha para as próprias filhas. Guardadas as proporções entre gente normal e um poderoso casal hollywoodiano, toda mulher que tem pendor para comprar roupas para si mesma simplesmente adora entupir de coisas lindas o armário das filhas desde o momento em que vêm ao mundo, e até antes. Quando a menininha começa a andar e a apreciar os modelos tão lindos que parecem tecidos de imagens arquetípicas da graciosidade infantil, mamãe se descontrola de vez. "Falta ocasião para a Luna usar o tanto de roupa que tem", confessa a paulistana Juliana Gheler, 34 anos, sobre o armário recheado da filha de 1 ano e 8 meses, que tem metade da idade mas o dobro de trajes do irmão Ariel, de 4. Juliana segue uma espécie de sistema de compensação filial: equilibra com brinquedos novos para Ariel as quantias gastas nas pilhas de vestidinhos para Luna. Os quais não se limitam à faixa etária da filha. "Ela tem roupinhas para crianças de 4 anos. Quando dá, ajusto. Se não, guardo e espero o dia em que sirva", diz Juliana, que acaba de voltar de uma viagem aos Estados Unidos com a mala cheia de tesouros da linha infantil da inglesa Stella McCartney. Seguindo a mesma vertente, estilistas como Marc Jacobs e Giorgio Armani também passaram a criar peças para os filhos que sejam irresistíveis para os pais. Grifes nacionais de gente grande, e abonada, como Isabela Capeto, Mixed, Farm, Fit e Le Lis Blanc, abriram seções para crianças. A ideia é manter o espírito da marca, e não simplesmente miniaturizar a linha adulta. "Se uma roupa para a mulher adulta tem uma estampa que pode cair bem nas menininhas, desenvolvemos uma peça parecida, mas sem perder a cara de roupa de criança", explica Traudi Guida, sócia da Le Lis, que começou a atender o público infantil em agosto e, entre outubro e dezembro, contabilizou 16 000 roupinhas vendidas, ao preço médio de 100 reais. "Esta temporada serviu de teste. A aceitação foi maior do que se esperava, e agora vamos expandir", planeja.
Há cinco anos organizando desfiles infantis, a consultora de imagem Ana Cury constata o mais do que evidente: o capricho no visual das pequenas Suris está diretamente ligado ao perfil das mães. "São mulheres que têm uma carreira, sabem da importância da imagem e deixaram para ter filhos mais tarde. Quando engravidam, querem que sua posição social se transmita para toda a família", analisa. A empresária Ana Cristina Bonfim, 33 anos, mãe de Sofia, 2, se encaixa perfeitamente no perfil. Sempre atenta às novidades, não passa semana sem comprar alguma roupinha para a filha. O entusiasmo supera amplamente as necessidades. Sofia tem dez novos pares de sapatos para o inverno que ainda nem começou. "Eu sempre quis ter uma menina justamente para enfeitá-la toda", explica Ana Cristina, explicitando um desejo universal. As duas muitas vezes saem combinando a estampa de vestidos comprados na mesma loja. Mãe de Gabriela, 6 anos, e Julia, 3, a dona de casa Denise Lintz, 36, é outra que se orgulha de compor o visual das filhas com minúcias de stylist - o assessor de guarda-roupa que veste as famosas. Denise gasta cerca de 1 500 reais por mês com mimos variados, inclusive sapatos de salto alto à moda de Suri. "Na verdade, um saltinho", releva. Seguindo pelo mesmo rumo do alto de seus 3 aninhos, Luana, filha única da secretária carioca Márcia Otero, 40, faz coleção: de seus 28 pares de sapatos, sete são de saltinho. "Nós fizemos um acordo: se ela largasse a chupeta, ganhava um sapato de saltinho. Agora, ela não quer saber de outro tipo", diz Márcia, que gasta cerca de 3 000 reais por mês com roupas e acessórios infantis, com pleno apoio do marido, Edgard Moraes, 55 - "Ele é até pior que eu." Do tipo que não sai de casa sem abrir seu kit de maquiagem infantil e passar batom (no momento, favorece o vermelho), Luana fez a mãe ir de loja em loja atrás de um vestidinho preto para seu aniversário. Para dormir, usa camisola de seda. "Não medimos esforços porque achamos que vaidade tem de vir desde pequena", afirma Márcia.
Fotos Lailson Santos e Ernani D'Almeida
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VAIDADE QUE VEM DO BERÇO Sofia, 2 anos, combina vestido e sapato com a mãe, Ana Cristina, que sempre quis ter menina "para enfeitá-la toda"; Luana, 3, tem 28 pares de sapatos, sendo sete de saltinho, que ganhou em troca de largar a chupeta |
Vaidade muitíssimo bem informada. "Com 6 anos, minha filha sabe melhor que eu o nome dos estilistas que usa", diz a farmacêutica Renata Berardocco, 39, sobre Vittoria, dona de um armário repleto de roupinhas Ronaldo Fraga e Isabela Capeto, que custam em média 300 reais. Dona de uma grife infantil, a estilista carioca Neusa Farina, 38, faz da caçula Maria Eduarda, 6, modelo de prova das roupas que desenha. "Ela adora sapato de salto, sai desfilando com os meus pela casa", conta Neusa. Também tem bolsinhas de marcas que mulheres adultas às vezes passam a vida para conseguir, como Prada e Louis Vuitton. Óculos de grau, por enquanto, são cinco pares em cores diferentes, para combinar com o resto do visual. Segundo a psicopedagoga Ana Cássia Maturano, a vontade de parecer gente grande faz parte da psique infantil desde que o mundo é mundo, e cabe aos pais dosar os excessos, de acordo com os próprios valores morais - sem falar nos materiais mesmo. "Toda menina quer pegar a roupa da mãe para brincar. Isso é saudável, mas os pais têm de tomar o cuidado de não reduzir o filho a um boneco nem transformá-lo em um pequeno adulto", explica. Tomado esse cuidado, convenhamos: tem coisa mais fofa do que uma pequena Suri?