Sunday, October 19, 2008

Uma entrevista de Reinaldo Azevedo no "Correio", de Campinas


Convite
Na quarta-feira, lanço em Campinas, na Saraiva MegaStore do Shopping Iguatemi (ver convite acima), O País dos Petralhas, que aparece hoje em segundo lugar na lista dos mais vendidos também do Estadão — que inclui em “não-ficção” os livros de auto-ajuda. É a mesma posição das listas da VEJA, Folha, O Globo e Época.

Pois bem, o Correio Popular, o maior jornal de Campinas, traz hoje uma entrevista com este escriba, feita pelo jornalista Edmilson Siqueira. Para quem é de outros estados: com quase 1,1 milhão de habitantes, Campinas é a maior e mais rica cidade do estado de São Paulo, exceção feita à capital, da qual está a 90 quilômetros. Segue a íntegra.

Reinaldo reina no País dos 'petralhas'
Por Edmilson Siqueira, da Agência Anhangüera

Na próxima quarta-feira, às 19h, Campinas estará recebendo, na Livraria Saraiva, o mais polêmico jornalista da atualidade. Reinaldo Azevedo estará aqui para autografar seu livro O País dos Petralhas (Editora Record), lançado há poucas semanas e que entrou direto na lista dos mais vendidos, se mantendo entre os cinco primeiros desde o lançamento.
O sucesso do livro era previsto. Afinal, Azevedo escreve diariamente um blog na Internet que tem entre 900 mil e 1 milhão de acessos mensais e talvez seja, de longe, o blog jornalístico mais lido no Brasil. O mais influente não há dúvida que é. Seu blog é lido em Brasília e nos governos estaduais e municipais mais importantes com a mesma freqüência dos leitores comuns.
Recebe cerca de dois mil comentários por dia de brasileiros daqui e de várias partes do mundo e, atualmente, dezenas de leitores de cidades espalhadas pelo Brasil inteiro têm solicitado sua presença para autografar O País dos Petralhas. O nome do livro é um trocadilho que ele criou à época do escândalo do mensalão: juntou “petistas” com “Irmãos Metralhas”, personagens de Walt Disney, todos bandidos, que sempre apareciam vestidos com trajes de prisão carregando um número no peito. A obsessão deles era roubar os bilhões do Tio Patinhas. Os petistas, lógico, odiaram. Polêmico ao extremo e com uma cultura invejável, Azevedo alia essas qualidade a uma outra que encanta a legião de leitores: sabe escrever muito bem.
É de oposição ao atual governo e ao PT, se bem que, no governo anterior, também não deixou em paz FHC e sua turma em temas importantíssimos: criticou a manutenção da valorização do real frente ao dólar (o que FHC admitiria depois ter sido um erro de seu governo) e a emenda da reeleição. À época tinha uma revista, a Primeira Leitura, que fechou ao enfrentar dificuldades para conseguir anúncios. Logo em seguida ao fechamento da revista criou o blog e, devido ao sucesso, foi contratado pela Veja, onde também escreve artigos mensais.
Sua luta diária, mais do que contra o PT e o Apedeuta — um dos apelidos que ele colocou em Lula — é contra a esquerda em geral que, de certa forma, está revigorada na América Latina com a ascensão de Hugo Chávez, de Evo Morales, de Rafael Correa e de outros. O Foro São Paulo, representação máxima desse projeto das esquerdas tem sido atacado sistematicamente por ele e por alguns outros jornalistas antiditaduras e também porque não se conformam — e com razão — de o Brasil fazer parte de um grupo que agrega os narcoterroristas das Farc como se eles fossem um partido político. Católico tradicional, é contra o aborto — inclusive de anencéfalos — e contra as experiências com células-tronco embrionárias, assuntos que talvez lhe tenham rendido o maior número de comentários de leitores contrários às suas opiniões. Mas defende essas posições com tal conhecimento e com argumentos tão fortes, que a discussão se torna difícil para quem se atreve a contestá-lo. É fã de Bento XVI e, se votasse nos EUA, marcaria o xis em McCain com total convicção.

Você me disse que, sem o Lula fazendo sucesso como presidente, o livro nem teria razão de ser. Isso quer dizer que o sucesso do seu livro se deve ao Lula?
Essa resposta prescinde de um contexto. Os petralhas tentaram ironizar o lançamento do livro afirmando que ele vem a público no momento em que Lula tem 80% de popularidade. E eu respondi que assim é que é bom. Não teria graça chutar cachorro morto. Prefiro os vivos. O sucesso do meu livro se deve ao fato de que há muita gente no país que não concorda com os métodos dos petralhas.

As esquerdas estão mais ou menos organizadas no Brasil. Você e alguns outros jornalistas influentes batem na tecla de que o Foro São Paulo é um projeto de poder perigoso para a democracia no continente. Qual o cenário que você imagina na América Latina para que esse projeto tenha sucesso?
O Foro de São Paulo não é um projeto, é um fato. Quando ele foi criado por Lula e Fidel Castro, só Cuba tinha um governo alinhado com seus princípios. Hoje, temos a Nicarágua, a Venezuela, o Equador, a Bolívia, o Paraguai, o Uruguai e o Brasil. E o México chegou bem perto. Qual é a agenda principal do Foro? Enrijecer a democracia e, se possível, extingui-la. Cada governante local faz o que é possível dentro da institucionalidade do seu país. E isso não é segredo. Eles próprios afirmam isso. O que significa “enrijecer a democracia”? Estabelecer mecanismos de supostas consultas diretas que tornem irrelevante a alternância do poder. A idéia é usar mecanismos democráticos contra a democracia. Chávez, Correa e Evo Morales são hoje protoditadores. No Brasil, a marcha tem de ser mais lenta porque o país é mais complexo. Mas está em curso o aparelhamento do Estado, das estatais e dos fundos de pensão pelo PT. Se um partido de oposição vencer a eleição em 2010, uma boa parte do poder continuará na mão do PT. E, é claro, é preciso lembrar que as Farc, uma organização narcoterrorista, fazem parte do Foro. Daí o apoio incondicional desses países que citei ao Equador no conflito com a Colômbia. Note bem: o Brasil apóia um país que acoitava o terrorismo contra um país democrático. E é bom lembrar que, até hoje, o Brasil não reconhece as Farc como narcoterroristas. Seus líderes já deram entrevistas confessando que fazem tráfico de droga. E o Brasil se declara “neutro” em relação a esse caráter terrorista da organização.

Se houvesse uma oposição contra o governo Lula como foi a petista contra FHC, você acha que Lula teria sobrevivido?
É claro que não. Lula teria caído na época do mensalão. As oposições foram covardes. Apostaram que ele cairia de podre ou que sangraria no poder, sem chances de se reeleger. Justiça me seja feita — e dê um destaque gráfico para este “me” aí —, afirmei em Primeira Leitura que era um erro terrível. Chamei essa escolha de “estúpida”.

Você recebe comentários violentos em seu blog. Alguns, você chega a publicar e a comentar para mostrar o nível da petralhada. Mas, intimamente, essas agressões chegam a incomodar?
Nem remotamente. Quer saber? Acho tudo muito engraçado. Agora, não deixa de ser uma evidência da boçalidade que toma conta do País.

Li na resenha do Diogo Mainardi na Veja que seu blog tem 900 mil acessos mensais. É hoje o mais acessado do Brasil? Você tem números de outros blogs famosos? Dá pra fazer uma comparação?
De 900 mil a um milhão. Olhe, os instrumentos de medição são imprecisos. Se você fizer uma pesquisa no Google Trends, que me parece a ferramenta mais objetiva, o meu blog é o primeiro em política. Mas não me importo com isso. Escrevo o que acho que devo, sem me importar com isso. E é o que o leitor espera de mim. Aliás, nem sempre eu e a maioria dos meus leitores concordamos. Quando tratei da liberação de pesquisas de células-tronco embrionárias e da liberação do aborto de anencéfalos, recebi muito mais discordâncias do que elogios. Eu me oponho às duas coisas. E a maioria dos leitores do blog é favorável. Publico, sim, opiniões contrárias às minhas, desde que venham numa forma respeitosa e não sejam mera propaganda partidária.

Li que você não gosta de jazz. o que para mim foi uma decepção quase igual ao fato de você ser corintiano (risos). Que tipo de música você curte?
Nenhuma (risos). Bem, é uma brincadeira. Não sou especialista em música — não me sinto à vontade para tratar tecnicamente do assunto. Gosto de música de concerto; aprecio alguns compositores chamados clássicos — até onde alcanço, Flauta Mágica, de Mozart, é um dos monumentos dessa arte. Quanto ao jazz, especifique aí: eu fiz uma brincadeira com o chamado “solo de jazz”, aquele momento em que o artista se encanta de tal sorte com a sua improvisação, que beira, digamos, uma masturbação em público (risos). Não consigo entrar naquele encantamento. Há um amigo que diz que algumas pessoas nasceram surdas para a verdadeira música. Talvez eu seja um deles. De fato, o que me interessa são as palavras.

Eu sei — e seus milhares de leitores também — que você dorme bem tarde e acorda tarde e o blog é sua principal ocupação. Como é a sua rotina nessa que é uma das mais novas profissões que a tecnologia proporciona?
Fico ligado ao blog, de algum modo, 16 horas por dia: das 15h às 7h do dia seguinte. É evidente que não fico escrevendo todo esse tempo. No período, leio coisas úteis para o blog; outras que são úteis para mim, para a minha formação. Posso interromper o romance que esteja lendo ou um livro qualquer de ensaios só para olhar se há alguma novidade na rede. Se eu achar a coisa relevante, faço um post.

Você, que já fez jornal, revista e agora está mais no meio eletrônico, acha que o jornal do futuro vai ser numa tela?
Não, não acho, não. O jornal continuará jornal. E vai ter espaço. No Brasil, eles até cresceram um pouco em razão do crescimento da economia. Os veículos impressos sempre vão existir. O que acho é que eles vão ter de mudar quando a Internet realmente se universalizar. Você já reparou que 90% daquilo que os jornais publicam já foi noticiado na rede no dia anterior — e, freqüentemente, pelos veículos eletrônicos dos próprios jornais? Mas há várias coisas a considerar: uma fatia do público ainda confia mais na letra impressa, ainda que ela repita um meio eletrônico. Não só isso: a Internet torna tudo muito linear: o importante e o desimportante estão juntos. O jornal nos dá o senso de hierarquia. Mas chegará a hora em que a Internet ganhará mais credibilidade e aprenderá a lidar com a organização do noticiário.

E o futuro dos jornais?
Acho que eles tenderão a se tornar menos noticiosos e mais analíticos, o que acho excelente. Agora uma coisa é certa: a tiragem cairá drasticamente, como vem caindo no mundo. Reitero: no Brasil, subiu porque havia uma demanda ainda reprimida em razão do baixo crescimento. Assim que as empresas de comunicação aprenderem a ganhar dinheiro com a Internet — ainda não sabem —, darão graças aos céus pela diminuição da tiragem. Afinal, papel é caro, e a logística para a entrega do exemplar ao assinante é complicada e também custosa. O problema é que, até agora, a Internet contribuiu para rebaixar o preço dos anúncios impressos, mas ainda não deu às empresas uma receita publicitária decente.

O que você acha que estaria escrevendo hoje se o presidente fosse o Serra ou o Alckmin?
Meu primeiro livro, Contra o Consenso, reúne textos de literatura, cinema e cultura. Eu me acho melhor escrevendo crítica literária do que crítica política. Mas considero uma tarefa indeclinável caracterizar essa gente que chegou ao poder e os métodos a que ela recorre para estabelecer a sua hegemonia. Ademais, há a suposição, que é dos petralhas, de que nunca escrevi textos criticando o PSDB ou o DEM, antigo PFL. Basta recuperar artigos e reportagens da revista Primeira Leitura. Ou antes até. Eu me opus ferozmente à emenda da reeleição. A revista que eu dirigia alertou para o apagão com seis meses de antecedência. Fui uma das poucas vozes que criticavam com dureza a sobrevalorização do real no governo FHC. O problema é que o PT não admite que alguém possa discordar de suas posições e tenta criminalizar o debate político.

O que eles disseram sobre o livro:
- VEJA – Por Diogo Mainardi;
- O Globo – Por Demétrio Magnoli;
- No Blog do Gerald Thomas – pelo próprio;
- Gazeta Mercantil e JB – Por Augusto Nunes;
- GloboNews - Espaço Aberto Literatura – por Edney Silvestre;
- Estadão – por Rui Nogueira

Reinaldo Azevedo ELEIÇÃO NOS EUA – A DITADURA POLITCAMENTE CORRETA


O raciocínio torto de Chico de Oliveira (clicar para ler), segundo quem a esquerda não vencerá em São Paulo por causa da mistura de conservadorismo e imediatismo não é produto nativo. É internacional. Buscar uma causa que está fora do debate para desqualificar o oponente passou a ser um recurso argumentativo e retórico das esquerdas no mundo inteiro — inclusive da esquerda possível nos EUA: aquilo que lá eles chamam “liberais”.

O democrata Barack Obama lidera todas as pesquisas de opinião. É verdade que não disparou como se esperava. A julgar pelo amor que as imprensas americana e mundial têm por ele, deveria ser apenas homologado — “como é que este homem não está com 100%?”, parece ser a pergunta. Mesmo assim, é impressionante: os jornais, do Brasil e do mundo, estão eivados pela tese calhorda, mentirosa e antidemocrática de que só o racismo pode derrotá-lo. Vocês devem achar que é uma sacada original de Arnaldo Jabor, mas não é. É palavra de ordem do Partido Democrata mesmo.

Com efeito, criou-se uma tal onda pró-Obama, que é bem possível que alguns tenham vergonha de dizer que não votam nele e mintam para os pesquisadores. Ora, aqui no Bananão mesmo, se você disser que torce por John McCain, há o risco de receber um olharzinho atravessado: “Huuummm, porco racista!”, diz o silêncio do outro lado.

Entenderam a jogada? O paulistano está proibido de não gostar da gestão de Marta — na verdade, isso seria, para os esquerdistas, uma espécie de falha de caráter, pouco importa se consciente. E os americanos estariam impedidos de deixar de votar em Obama porque, Santo Deus!, ele nunca administrou nem mesmo uma joalheria — eu ia escrever “lavanderia”, mas, vocês sabem, ele é mestiço, e não posso associá-lo a serviços subalternos. Isso, hoje em dia, só se pode fazer com brancos há pelo menos sete gerações...

Chegou-se, enfim, à boçalidade de considerar, ainda que isso fique apenas subentendido, que a única forma de ser civilizado é votar em Obama. Ora, extingam a eleição.

E alguns ainda me perguntam por que torço por McCain. Não fosse por uma outra penca de razões, muitas já ditas aqui e em O País dos Petralhas, esse aparelho mental detestável me bastaria. Nada me deixa mais furioso do que tentarem me colocar numa “manada”, repetindo palavra empregada por Rui Nogueira, do Estadão, na generosa resenha que fez do meu livro. Não consigaria pensar envergando uma canga.

Só faltava agora ter de exigir o direito de não votar em Obama porque, afinal de contas, é possível duvidar de sua competência. É a ditadura politicamente correta.


Reinaldo Azevedo Xiii, lá vem Chico de Oliveira descendo a ladeira

Francisco de Oliveira, que ainda será nosso último marxista — se já não é —, expõe seus equívocos ao menos uma vez por ano, o que volta a fazer neste domingo, na Folha. Seguem trechos e link de sua entrevista a Maurício Pul:
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A desindustrialização de São Paulo empurrou a esquerda para fora da cidade, sustenta o sociólogo Francisco de Oliveira, 74, professor titular aposentado do Departamento de Sociologia da USP. Segundo ele, a fuga das indústrias da capital paulista converteu a cidade num pólo de serviços com um setor informal muito extenso, cujos integrantes não se identificam com o PT: "Em geral eles votam na direita devido ao imediatismo. É gente que quer receber benefícios imediatos, sem esperar por transformações estruturais". Segundo Oliveira, o Bolsa Família é uma "política conformista" que reflete o predomínio desse "exército informal que representa mais de 50% da força de trabalho".
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Na entrevista a seguir, concedida na última terça-feira, o sociólogo sustenta ainda que, ao chegar ao poder, "o PT foi engolido pelo atraso", pois trocou uma política de classe por uma política de combate à pobreza.

FOLHA - Em novembro de 2004, o sr. publicou um artigo na Folha em que dizia que Marta Suplicy foi derrotada pelo governo Lula, pois sua política econômica era indefensável. Hoje Lula tem mais de 50% de aprovação na cidade de São Paulo. Como o sr. explica a rejeição a Marta? A criação das taxas? As políticas sociais do PT? Críticas moralistas?
FRANCISCO DE OLIVEIRA -
Um pouco de tudo isso. Em primeiro lugar, naquela época o ataque da mídia ao governo Lula era muito intenso, e Lula não transferiu votos para Marta, transferiu a carga negativa. Agora a situação é a seguinte: a administração de Kassab está muito fresca na memória, enquanto a de Marta já tem quase quatro anos de distância. Isso hoje é muito importante devido à imediaticidade da mídia. É ela que faz a nossa consciência: é uma presentificação absoluta. A distância da administração da Marta esbarra na imediaticidade das avaliações positivas de Kassab. O fato de a avaliação do governo federal ser positiva na cidade de São Paulo não dissolve essa distância da Marta. E São Paulo é uma cidade bastante conservadora. Bastante conservadora. Se você retoma a história brasileira, o populismo paulista sempre foi de direita: Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Paulo Maluf.

FOLHA - Ignácio Rangel dizia que o latifúndio gaúcho -Getúlio Vargas, João Goulart- conseguiu representar politicamente a indústria nacional, o que deu origem a um populismo de esquerda, progressista. Mas isso não aconteceu em São Paulo. OLIVEIRA - Isso nunca aconteceu. Mas não é só isso. Na verdade o que é importante no Rio Grande do Sul é a pequena propriedade, não é o latifúndio: o latifúndio enche nossas mentes, mas não forma... As ideologias populistas nascem no Rio Grande do Sul, mas é importante não esquecer que o Estado conheceu um positivismo muito especial, que é o que influi na legislação trabalhista. Vargas era positivista, a moçada formada nas escolas militares era positivista. Não é a toa que a divisa da bandeira brasileira é "Ordem e Progresso". E São Paulo não teve essa formação.
Assinante lê mais aqui

Comento
Como vocês vêem, descarte-se o fato de que a maioria dos eleitores pode simplesmente não ter gostado da gestão de Marta. Não, não! Para um esquerdista, isso não é possível. Ou há um fator estrutural para a derrota da esquerda — a desindustrialização — ou há um elemento, digamos, cultural-ideológico derivado daquele: o imediatismo, para o qual concorre, claro, a mídia. Não é por acaso que as esquerdas, ao longo da história, sempre silenciaram a imprensa quando chegaram ao poder. Como a gente percebe, para os valentes, ela distorce tudo e leva as pessoas a votarem contra o seu próprio interesse. Pérfida mesmo! Para conseguir falar a mais de 30 pessoas, eis Chico de Oliveira recorrendo à... pérfida!

E notem que ele tenta buscar raízes históricas profundas para o suposto conservadorismo de São Paulo — que, é bom lembrar, já elegeu Luíza Erundina e a própria Marta. Até parece que a cidade, nos últimos 50 anos, evoluiu segundo uma lógica imutável, infensa ao crescimento desordenado, à migração, à grande mistura que faz de São Paulo uma das grandes metrópoles do mundo.

É por isso que essa esquerda a que pertence Francisco de Oliveira não chegou e jamais chegará ao poder. Para ser sintético: ela não entende nada. Quem os ultrapassou foi o Apedeuta, com sua brutalidade teórica e seu impressionante senso prático. Não quer dizer grande coisa também, é certo. Mas que se convenha: nefelibata, ele não é. Francisco de Oliveira é de uma incrível ousadia e novidade teórica para os anos 1950...

Tolice-clichê
E chega desse cretinismo de ficar apontando o “conservadorismo” de São Paulo — especialmente porque se toma isso como coisa ruim. É mesmo?

- Esta cidade elegeu uma nordestina solteira e sem filhos (viu, Marta?) como prefeita: Luiza Erundina.
- Esta cidade elegeu uma socialite de esquerda, que sempre fez questão de mostrar que tem hábitos bastante, como direi?, avançados: Marta Suplicy.
- Esta cidade elegeu um filho de imigrantes libaneses — não entro no mérito da moralidade de ninguém neste post. Apenas evidenciou como são largos os critérios dos paulistas. Falo de Maluf, é claro.
- Esta cidade elegeu um negro, que nem político era: tornou-se um para se candidatar: Celso Pitta. Deu errado? Deu. Mas todos sabem por quê.
- Esta cidade vai eleger agora um prefeito vítima de uma campanha sórdida. E vai porque Sâo Paulo repudiou a baixaria dos “reacionários”.

Cidade conservadora? Talvez ela goste de lei e de ordem, como gostam todas as pessoas decentes — desde que sejam uma lei e uma ordem democráticas. O Rio paga até hoje o preço da eleição do “progressista” Brizola.

O que Francisco de Oliveira queria? Eleger Ivan Valente, do PSOL, que hoje é o seu partido — aliás, essa escolha explica boa parte de seu rigor teórico. Eu posso provar, se ele quiser, que, sob muitos aspectos, Ivan Valente é uma opção mais conservadora do que todos os citados acima.

Ah, sei... É que o Chico de Oliveira gostaria de ter na prefeitura um marxista revolucionário. Em vez do serviço de varredura de rua, nós assistiríamos ao debate dos garis. Isso parece chulo? Sofisticado é Chico de Oliveira, não é mesmo?

As bobagens de Lula 1 – “Nós” quem, cara pálida?



Lula deve ter tomado muita água logo cedo. Vejam o que está na Folha Online. Comento em seguida:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa neste sábado da candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT), alvo de críticas depois que sua campanha levantou questões sobre a vida pessoal de seu adversário na disputa, o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Lula afirmou que a petista é vítima de preconceito na cidade e que, por isso, vai criar o dia nacional da hipocrisia.
De acordo com Lula, a ex-prefeita não foi preconceituosa, mas ela é quem é vítima de preconceito. "Essa mulher tem sido vítima de um preconceito raivoso e rançoso na cidade de São Paulo", afirmou o presidente durante ato da campanha petista na região central da cidade.
Presidente Lula e Marta Suplicy durante comício na Casa de Portugal, no centro Ele disse que é injusta a acusação de que ela foi preconceituosa nestas eleições. "Eu estava fora [em viagem ao exterior] quando vi outro preconceito contra essa mulher, tentando passar a idéia de que essa mulher tem preconceito contra o homossexualismo. Quando todos nós tínhamos preconceito, ela estava na TV Mulher defendendo as minorias", disse.
Ao dizer que preconceituoso é quem hoje acusa Marta, Lula disse que ainda vai criar o dia da hipocrisia. "Agora ela é acusada de preconceituosa? Eu ainda vou criar o dia da hipocrisia neste país."

Comento
“Nós” quem?, cara pálida. Lula fale por si e por aquele ambiente de brucutus do sindicalismo em que se criou — essa gente que “lutava” para, enfim, chegar ao paraíso e mamar nas tetas do governo, como faz hoje.

Reitero: Lula fale por si, como no vídeo acima. O PT sempre entendeu as minorias apenas como instrumento de proselitismo político. Mulheres, negros, gays... No fim das contas, todas essas “minorias” foram e são usadas pelo partido. Em privado, sabemos bem como tratadas. Bem, o vídeo acima é bastante eloqüente...

E ai de algumas notórias reputações da República se um dia algum historiador da vida privada decidir contar o respeito que de fato têm pelas mulheres, sobretudo quando estão reunidas numa van de vidro fumê... Até Mary Janer Corner ficaria corada. É, leitor, cada coisa a seu tempo e na hora certa.
Por Reinaldo Azevedo

E MAIS:
http://www.youtube.com/watch?v=7_PTP5qpjU4&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=0SzsglJCHPk&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wiob28D2I84&feature=related




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