Quadro: O capital da Bolsa
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Honduras é um país de pouco mais de 7,2 milhões de habitantes. Fica na América Central, entre a Guatemala e a Nicarágua. Desde o final de junho, quando o presidente da República Manuel Zelaya foi deposto, e em seu lugar ficou Roberto Micheletti, o país tem sido alvo das atenções diplomáticas. A situação se agravou quando Zelaya abrigou-se na embaixada brasileira. Entenda como começou a crise política de Honduras.
O presidente Manuel Zelaya planejava, desde março de 2009, uma consulta pública não oficial marcada para o dia 28 de junho, na qual a população diria se apoiaria uma mudança na constituição do país para permitir a reeleição do presidente da República. Atualmente, o presidente só pode ter um mandato de quatro anos. Se os eleitores apoiassem a medida, um referendo para decidir sobre a convocação de uma constituinte seria agendado para a mesma data da eleição presidencial, marcada para novembro.
Alguns críticos do governo alegam que sim. Mas Manuel Zelaya nega a possibilidade de reeleição. A justificativa dele é que a assembleia constituinte não teria tempo hábil de reescrever a carta magna do país antes do fim do seu mandato, em janeiro de 2010, o que inviabilizaria sua candidatura à reeleição.
A Corte Suprema, o Ministério Público e o Congresso Nacional consideravam a consulta ilegal.
Zelaya foi eleito em 2005 por uma coalizão de centro-direita em uma acirrada disputa e sua aproximação do presidente venezuelano Hugo Chavez não agradava seus opositores nem aliados de partido. Eles viam no projeto de Zelaya semelhanças com o promovido por Chavez na Venezuela, em fevereiro deste ano, para se perpetuar no poder.
No dia 23 de junho, o Congresso aprovou uma lei que proibia a realização de plebiscitos ou referendos 180 dias antes ou depois das eleições gerais, o que tornaria impossível os planos de Zelaya. A recusa do chefe das Forças Armadas, Romeo Vasquez, de dar apoio logístico à consulta de 28 de junho fez com que Zelaya o demitisse, provocando a renúncia do ministro da Defesa, Edmundo Orellana, e os chefes da Marinha e Aeronáutica. A demissão desagradou a Suprema Corte de Justiça do país, que readmitiu Vasquez.
Oito ministros, entre eles a ministra dos Negócios Estrangeiros, Patrícia Rodas, e o secretário particular de Zelaya, Eduardo Enrique Reina.
Até o momento, nenhum país reconheceu o governo de Roberto Micheletti. A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a ação, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que suspendeu Honduras da entidade.
Três rodadas de negociação foram lideradas sem sucesso pelo presidente da Costa Rica Oscar Arias, Nobel da Paz de 1987. Tanto o governo de Roberto Micheletti quanto Zelaya rejeitaram o plano que incluía a recondução de Zelaya ao poder, em um governo de reconciliação e uma anistia. Na prática, Zelaya não aplicaria punições e se comprometeria a abandonar a ideia de alterar a Constituição hondurenha. Zelaya afirmou que seu retorno como presidente é incondicional.
James Davis/Corbis/Latinstock; Jacques Brinon/AP; Ricardo Stuckert/PR; Thomas Coex/AFP; Rodrigo Buendia/AFP; Carlos Hugo Vaca/Reuters |