Sunday, October 19, 2008

Reinaldo Azevedo ELEIÇÃO NOS EUA – A DITADURA POLITCAMENTE CORRETA


O raciocínio torto de Chico de Oliveira (clicar para ler), segundo quem a esquerda não vencerá em São Paulo por causa da mistura de conservadorismo e imediatismo não é produto nativo. É internacional. Buscar uma causa que está fora do debate para desqualificar o oponente passou a ser um recurso argumentativo e retórico das esquerdas no mundo inteiro — inclusive da esquerda possível nos EUA: aquilo que lá eles chamam “liberais”.

O democrata Barack Obama lidera todas as pesquisas de opinião. É verdade que não disparou como se esperava. A julgar pelo amor que as imprensas americana e mundial têm por ele, deveria ser apenas homologado — “como é que este homem não está com 100%?”, parece ser a pergunta. Mesmo assim, é impressionante: os jornais, do Brasil e do mundo, estão eivados pela tese calhorda, mentirosa e antidemocrática de que só o racismo pode derrotá-lo. Vocês devem achar que é uma sacada original de Arnaldo Jabor, mas não é. É palavra de ordem do Partido Democrata mesmo.

Com efeito, criou-se uma tal onda pró-Obama, que é bem possível que alguns tenham vergonha de dizer que não votam nele e mintam para os pesquisadores. Ora, aqui no Bananão mesmo, se você disser que torce por John McCain, há o risco de receber um olharzinho atravessado: “Huuummm, porco racista!”, diz o silêncio do outro lado.

Entenderam a jogada? O paulistano está proibido de não gostar da gestão de Marta — na verdade, isso seria, para os esquerdistas, uma espécie de falha de caráter, pouco importa se consciente. E os americanos estariam impedidos de deixar de votar em Obama porque, Santo Deus!, ele nunca administrou nem mesmo uma joalheria — eu ia escrever “lavanderia”, mas, vocês sabem, ele é mestiço, e não posso associá-lo a serviços subalternos. Isso, hoje em dia, só se pode fazer com brancos há pelo menos sete gerações...

Chegou-se, enfim, à boçalidade de considerar, ainda que isso fique apenas subentendido, que a única forma de ser civilizado é votar em Obama. Ora, extingam a eleição.

E alguns ainda me perguntam por que torço por McCain. Não fosse por uma outra penca de razões, muitas já ditas aqui e em O País dos Petralhas, esse aparelho mental detestável me bastaria. Nada me deixa mais furioso do que tentarem me colocar numa “manada”, repetindo palavra empregada por Rui Nogueira, do Estadão, na generosa resenha que fez do meu livro. Não consigaria pensar envergando uma canga.

Só faltava agora ter de exigir o direito de não votar em Obama porque, afinal de contas, é possível duvidar de sua competência. É a ditadura politicamente correta.


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