Saturday, May 08, 2010

Veja recomenda e livros mais vendidos

VEJA Recomenda

LIVROS

ANNE FRANK, de Francine Prose (tradução de Maria Luiza X. de A. Borges; Zahar; 292 páginas; 39 reais)

AFP
LIVRO
Anne Frank: ensaio analisa a qualidade literária de seu famoso diário

• Morta aos 15 anos, em 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen, Anne Frank deixou um famoso diário sobre os dois anos em que viveu trancada no anexo de um escritório em Amsterdã, escondendo-se, na companhia de outros sete judeus, dos nazistas que então ocupavam a Holanda. Apreciado por milhões de leitores de sucessivas gerações, o diário da menina consagrou-se como um dos mais pungentes testemunhos da perseguição nazista, um depoimento luminoso sobre uma adolescência vivida em condições amargas. Neste ensaio de admiradora, a escritora americana Francine Prose – autora de Para Ler Como um Escritor –examina a história da composição e edição do livro e sua repercussão ao longo do tempo. Francine conclui que o diário da menina vai muito além das páginas confessionais que tantos escrevem nessa idade: é uma obra literária acabada. Foi planejado como tal pela autora, uma escritora que revisou sua obra obsessivamente. A beleza ímpar do diário deve-se em grande parte a esse talento precoce de Anne Frank para as letras.

 

OPERAÇÃO PORTUGA, de Sérgio Xavier Filho (Arquipélago; 176 páginas; 32 reais)


• Portuga é o apelido de Amílcar Lopes Júnior, corredor brasileiro que completou a maratona de Chicago, em 2006, em 2 horas, 43 minutos e 50 segundos. Não, não é um recorde mundial – apenas uma marca excelente para um esportista amador. Portuga é empresário, dono da Água Mineral Petrópolis. O feito atiçou o espírito competitivo de quatro amigos seus – todos amadores ligados ao mundo empresarial –, que logo começaram a treinar pesado para completar a maratona em menos tempo. Para um deles, o publicitário e esquiador Marcelo Apovian, o treinamento representou uma história de superação: ele havia sofrido um acidente grave e teve de passar por cirurgias para recuperar uma perna fraturada. Esta é uma reportagem sobre como a competição esportiva pode obcecar pessoas comuns e despertar o melhor delas. Ou, como avisa já na introdução o jornalista Sérgio Xavier Filho, diretor de redação das revistas PLACAR e RUNNER'S WORLD – da Editora Abril, que também publica VEJA: "Este não é um livro sobre corrida. É sobre gente".

 

DISCOS

POSSIBILIDADES, Tita Lima (Label A)

Ariel Martini
DISCO
Tita Lima: barulhinhos e efeitos, mas com critério

• Tita Lima é filha de Liminha, ex-baixista dos Mutantes e produtor do grupo Titãs e da cantora Vanessa da Mata, entre outros artistas. Mas ela não soa como um dos artistas produzidos pelo pai. Seu passeio pelo pop traz uma linguagem bem mais contemporânea. Tita evitou dois vícios que acometem a grande maioria das cantantes nacionais. Primeiro, não posa de sambista da velha guarda, como fazem as artistas da Lapa (Rio de Janeiro) ou da Vila Madalena (São Paulo). Tampouco envereda pela mistura de MPB e música eletrônica, consagrada pela cantora Céu, que se tornou uma praga no cenário atual. Tita faz, sim, uso de barulhinhos e efeitos, mas de modo criterioso – há uma predominância de instrumentos humanos como baixo, guitarra e bateria. Com voz pequena, porém agradável, Tita visita gêneros como rock, afrobeat (o pop africano, eternizado por artistas como Felá Kuti e King Sunny Adé) e música regional. Nessa categoria, uma das melhores faixas é Maria, Tô para Voltar, dueto da cantora com o guitarrista Carlos Pontual.

 

ROCKIN' IN RHYTHM: A TRIBUTE TO DUKE ELLINGTON, John Pizzarelli (Calbermusic)

Sarah Rice/Corbis/Latinstock
DISCO
Tita Lima: barulhinhos e efeitos, mas com critério

• No universo do jazz, o cantor e guitarrista americano John Pizzarelli atua como restaurador. Ele não é muito de compor ou quebrar regras – embora os arranjos que cria sejam superiores aos de vários artistas mais conhecidos. Sua missão é regravar clássicos do jazz e da música pop e apresentar esse repertório à nova geração, o que faz com resultados artísticos acima da média. Entre os homena-geados pelo cantor estão Frank Sinatra, Nat King Cole e os Beatles. O novo álbum, Rockin' in Rhythm, é dedicado ao maestro e compositor de jazz americano Duke Ellington (1899-1974), um dos maiores inovadores desse gênero. Pizzarelli evita as obviedades (não gravou, por exemplo, Take the "A" Train, que está em diversos discos-tributo a Ellington), respeita os arranjos originais e conta com instrumentistas de alta patente. O pianista Larry Fuller é um deles, como se pode notar em Cottontail/Rockin' in Rhythm. Kurt Elling, um dos maiores vocalistas de jazz da atualidade, enriquece Perdido. E Pizzarelli tem vários momentos brilhantes, como o suingue em In a Mellow Tone e a inflexão suave em Satin Doll.

 

 

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