Saturday, April 24, 2010

Veja recomenda e Os mais vendidos

VEJA Recomenda

DVD

ANTES DA CHUVA (Before the Rain, República da Macedônia/ França/Inglaterra, 1994. Lume)

Colin Mcpherson/Latinstock
DVD
Antes da Chuva: visão dolorosamente intensa
das hostilidades entre sérvios e bósnios

• Três anos depois da dissolução da antiga Iugoslávia, o primeiro filme produzido na República da Macedônia, uma das nações surgidas da divisão, causou admiração no circuito de arte: dirigido pelo então estreante Milcho Manchevski, Antes da Chuva era inovador na narrativa (que emprega uma estrutura circular, algo muito copiado depois dele e de Quentin Tarantino) e dolorosamente intenso no que tinha a dizer sobre as hostilidades ancestrais entre sérvios e bósnios – que, naquele momento, culminavam em uma guerra sangrenta. No belíssimo roteiro, três histórias se entrelaçam. Na primeira, uma garota muçulmana é acusada de matar um cristão e se refugia com um jovem monge. Na segunda, um fotógrafo macedônio, Aleksandar (o estupendo Rade Serbedzija), se encontra em Londres com sua amante. Na terceira, Aleksandar volta à Macedônia para rever uma muçulmana por quem foi apaixonado e para se acertar com uma culpa terrível que carrega. Em vários momentos, o filme joga com a ordem dos acontecimentos, trazendo revelações inesperadas e sugerindo aquilo que poderia ter sido – caso as piores escolhas não tivessem sido feitas.

LIVROS

INVISÍVEL, de Paul Auster (tradução de Rubens Figueiredo; Companhia das Letras; 280 páginas; 47,50 reais)

Jurgen Frank/Corbis Outline/Latinstock
LIVRO
Paul Auster: alusões literárias a serviço de uma história
de crime e incesto

• O americano Paul Auster às vezes se mostra "literário" demais. Afoga seus romances em alusões a outros escritores (ou a obras anteriores dele mesmo), o que resulta em livros elegantes no estilo, mas um tanto estéreis. As citações seguem abundantes em Invisível – mas desta vez estão a serviço de uma história poderosa, com elementos perturbadores de violência e incesto, que o autor deslinda de maneira envolvente. No centro de várias histórias que se cruzam (e às vezes se contradizem) está Adam Walker, sexagenário que recorda sua juventude na Universidade Columbia, em Nova York, no fim dos anos 60, tempo marcado pelos protestos contra a Guerra do Vietnã. Aspirante a poeta, o jovem Walker desenvolve uma admiração exagerada por um professor, o suíço Rudolf Born, e por sua companheira, a francesa Margot. Walker acalenta ainda uma obsessão erótica pela própria irmã. É uma história psicologicamente conturbada, cujo cerne, como anuncia o título, parece sempre escapar à visão do leitor.

OS INFORMANTES, de Juan Gabriel Vásquez (tradução de Heloisa Jahn; L± 288
páginas; 39 reais)

• Gabriel Santoro, um jovem escritor colombiano, publica um livro sobre as tensões que dividiam imigrantes alemães em seu país nos anos 30 e 40, quando muitos eram injustamente denunciados como colaboradores do nazismo. Para surpresa do autor, seu próprio pai escreve uma resenha devastadora sobre o livro. A partir daí, Santoro investigará o passado do pai, com a ajuda de Sara Guterman, imigrante alemã judia. E o pai, por seu turno, tentará esconder sua própria atuação vergonhosa no período da II Guerra. Muito distante do chamado "realismo mágico", com o qual a literatura da Colômbia – país de Gabriel García Márquez – ainda costuma ser associada, este é um romance sóbrio, estritamente realista. E é também um painel de fôlego da conturbada história colombiana ao longo do século XX, com muitos episódios de violência protagonizados por guerrilheiros, terroristas e traficantes. Romance de estreia de Juan Gabriel Vásquez, de 37 anos, Os Informantes ganhou a admiração de veteranos como o mexicano Carlos Fuentes e o peruano Mario Vargas Llosa.

DISCOS

O TENOR PERDIDO, Dimos Goudaroulis (Selo Sesc)

Andre Mehmari/Divulgação
DISCO
Dimos Goudaroulis: obras compostas para o raro violoncelo tenor

• O violoncelista grego Dimos Goudaroulis é um talento raro estabelecido no cenário erudito brasileiro. Ele já fez um registro respeitável das Suítes para Violoncelo, de Johann Sebastian Bach, e também trabalhou com artistas de MPB, como a cantora Ná Ozzetti e o músico Hermeto Paschoal. O Tenor Perdido nasceu de uma descoberta feita em seus primeiros anos de Brasil (ele veio para cá em 1996). O instrumentista encontrou um violoncelo no ateliê de um fabricante de instrumentos musicais. Depois de restaurá-lo, Goudaroulis descobriu que tinha uma raridade nas mãos: um "violoncelo tenor", cuja sonoridade está entre o agudo da viola e o grave do violoncelo comum. Tenor Perdido traz composições criadas especialmente para esse instrumento – e que têm poucos registros em disco, como as Sonatas para Violoncelo e Baixo Contínuo, do italiano Andrea Caporale (1700-1757), que se orgulhava de ser o violoncelista preferido de Handel. Goudaroulis também gravou obras de Giuseppe Valentini (1680-1740), outro compositor barroco. O disco duplo traz ainda trechos da transcrição para cravo da ópera Rinaldo, de Handel, executados pelo cravista Nicolau de Figueiredo.

ALL DAYS ARE NIGHT: SONGS FOR LULU, Rufus Wain-wright (Universal)

Divulgação
DISCO
Rufus Wainwright: luto pela mãe e sonetos de Shakespeare

• Em 2009, o cantor e compositor canadense Rufus Wainwright passou por momentos atribulados. Sua mãe, a cantora folk Kate McGarrigle, que sofria de um tipo raro de câncer, piorou. Wainwright reduziu seus compromissos artísticos e cuidou de Kate até a morte dela, em janeiro deste ano. Essa experiência sofrida está refletida em All Days Are Night. Quem se acostumou ao estilo espalhafatoso de Wainwright, que já se fantasiou de Judy Garland e abusava de arranjos orquestrais, vai tomar um susto. Trata-se de um disco franciscano, em que o intérprete canta e toca piano. O humor e a militância gay, presentes em todos os seus discos anteriores, cederam lugar para letras sobre perda, dor, desilusão e morte. A melhor delas éMartha, composta a partir de um recado que ele deixou na caixa postal da irmã, a também cantora Martha Wainwright. Nela, Rufus pede a Martha que visite a mãe, porque Kate está em seus momentos finais. Wainwright ainda musica três sonetos do bardo inglês William Shakespeare (1564-1616) – os de número 10, 20 e 43. O título do disco, aliás, saiu desse último.

OS MAIS VENDIDOS

Clique aqui para acessar a lista estendida de livros mais vendidos

[A|B#]
A] posição do livro na semana anterior
B] há quantas semanas o livro aparece na lista
#] semanas não consecutivas

Fontes: Balneário Camboriú: Livrarias Catarinense; Belém: Laselva; Belo Horizonte: Laselva, Leitura; Betim: Leitura; Blumenau: Livrarias Catarinense; Brasília: Cultura, Fnac, Laselva, Leitura, Nobel, Saraiva; Campinas: Cultura, Fnac, Laselva; Campo Grande: Leitura; Caxias do Sul: Saraiva; Curitiba: Fnac, Laselva, Livrarias Curitiba, Saraiva; Florianópolis: Laselva, Livrarias Catarinense, Saraiva; Fortaleza: Laselva, Saraiva; Foz do Iguaçu: Laselva; Goiânia: Leitura, Saraiva; Governador Valadares: Leitura; Ipatinga: Leitura; João Pessoa: Saraiva; Joinville: Livrarias Curitiba; Juiz de Fora: Leitura; Londrina: Livrarias Porto; Maceió: Laselva; Mogi das Cruzes: Saraiva; Navegantes: Laselva; Petrópolis: Nobel; Piracicaba: Nobel; Porto Alegre: Cultura, Fnac, Livrarias Porto, Saraiva; Recife: Cultura, Laselva, Saraiva; Ribeirão Preto: Paraler, Saraiva; Rio de Janeiro: Argumento, Fnac, Laselva, Saraiva, Travessa; Salvador: Saraiva; Santa Bárbara d’Oeste: Nobel; Santo André: Saraiva; Santos: Saraiva; São Paulo: Cultura, Fnac, Laselva, Livrarias Curitiba, Livraria da Vila, Martins Fontes, Nobel, Saraiva; Sorocaba: Saraiva; Vila Velha: Saraiva; Vitória: Laselva, Leitura; internet: Cultura, Fnac, Laselva, Leitura, Nobel, Saraiva, Submarino.

Blog Archive