Friday, April 02, 2010

O país quer decolar


Hélvio Romero/AE

Sofrimento nos aeroportos por culpa da inoperância do estado e do atraso em privatizar a Infraero


Uma reportagem especial desta edição de VEJA mostra que o sofrimento a que são submetidos os passageiros aéreos no Brasil chegou ao limite. Quanto mais querem voar, mais eles são tratados como integrantes de uma manada confinada e sem direitos. Os pátios dos principais aeroportos do país estão saturados, segundo diagnóstico da própria Anac, a agência reguladora da aviação. As companhias aéreas anunciam investimentos bilionários para colocar dezenas de novas aeronaves nos céus do Brasil nos próximos anos, sem contrapartida na ampliação da capacidade dos pátios, pistas e terminais. Isso significa que o ruim vai piorar. O caos parece inevitável mesmo antes de o Brasil sediar uma Copa do Mundo em 2014 e um evento ainda mais complexo, os Jogos Olímpicos, em 2016.

A construção e a operação dos aeroportos no Brasil são monopólio da Infraero, órgão do Ministério da Defesa que historicamente logrou se destacar no mundo estatal como um dos mais eivados de corrupção e marcados pela incompetência e politicagem. O estado brasileiro não tem capacidade nem recursos em volume suficiente para custear as obras de ampliação dos aeroportos já existentes e para a construção de novos no ritmo exigido pela demanda atual e futura.

A privatização dos aeroportos no Brasil é, portanto, mais do que uma urgência – é uma emergência. Acima das ideologias, há consenso, inclusive no atual governo, de que a saída para o gargalo da infraestrutura aeroportuária no Brasil está no concurso da iniciativa privada. O governador José Serra e a ministra Dilma Rousseff deixaram seus cargos executivos na semana passada para concorrer à Presidência da República nas eleições de outubro. Ao vencedor, caberão as batatas quentes dos aeroportos brasileiros. O país quer decolar, como mostram o aquecimento da demanda por passagens e a resposta em investimentos das companhias aéreas. Os brasileiros esperam que não seja o estado a cortar as suas asas.

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