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DVD UM LUGAR AO SOL (A Place in the Sun, Estados Unidos, 1951. Paramount) • Filho de atores, o cineasta Geor-ge Stevens (1904-1975) teve um começo peripatético, acompanhando os pais e pulando de emprego em emprego. Talvez por isso, aos 36 anos e já consagrado por sucessos como A Mulher do Dia e Gunga Din, tenha se aferrado à ideia de adaptar o romance Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser: o protagonista, George Eastman (Montgomery Clift), é o primo pobre em uma família rica e odeia seu passado, em que foi arrastado para lá e para cá, na pobreza, pelos pais missionários. Quando consegue um emprego na confecção do tio milionário, tolamente crê que suas ambições foram preenchidas. Mas, quanto mais ele sobe, mais elas aumentam – em especial o desejo pela socialite Angela Vickers (Elizabeth Taylor, aos 17 anos, deslumbrante). E aí surge o problema: o que fazer com a operária que ele engravidou (Shelley Winters, como de hábito roubando o filme) e que o pressiona a casar? Um dramalhão bem ao estilo dos anos 50, mas da melhor estirpe, Um Lugar ao Sol deu razão à intuição do diretor: foi um sucesso retumbante de público. E virou um clássico. PIRATAS DO ROCK (The Boat that Rocked, Inglaterra, 2009. Universal) • Em 1966, a Inglaterra inteira balançava ao som do pop e do rock. Mas, alheia a essa efervescência, a então vetusta BBC transmitia menos de uma hora cheia de rock por dia. Azar seu – rádios piratas começaram a pipocar por todo o país, transmitindo 24 horas por dia, sete dias por semana, aquilo que o público queria ouvir (e literalmente metade da Inglaterra sintonizava nelas). Não, porém, impunemente: setores conservadores do governo não descansaram até desativá-las, em 1967, por meio de um decreto que nada ficava a dever, nos seus meandros furtivos, a uma daquelas medidas provisórias brasileiras editadas na caluda. O governo inglês ganhou a batalha, mas o rock ganhou a guerra. A história de uma dessas rádios, instalada em um navio ancorado no Canal da Mancha, é o que conta o filme do diretor Richard Curtis, roteirista de Quatro Casamentos e Um Funeral. Ótimos atores, como Philip Seymour Hoffman e Bill Nighy, personagens coloridos e, evidentemente, uma trilha sonora sensacional garantem a simpatia do enredo. DISCOS PLASTIC BEACH, Gorillaz (EMI) • O Gorillaz nasceu há dez anos, de uma brincadeira do vocalista do Blur, Damon Albarn, com o cartunista Jamie Hewlett. A dupla criou uma banda fictícia, na qual os integrantes eram personagens de desenho animado e o estilo, uma mistura de funk, disco music, rap e reggae. Albarn se encarregou dos vocais e das composições, enquanto o restante dos instrumentistas foi recrutado entre o primeiro escalão do pop. Mas a brincadeira virou coisa séria: o grupo tocou nas rádios e vendeu mais CDs do que qualquer outro trabalho de Albarn – e, desde 2003, quando o Blur foi desfeito, tornou-se sua prioridade. A sonoridade do Gorillaz, que já lançou dois álbuns, é basea-da na qualidade dos artistas que Albarn reúne a cada gravação. O time convocado para Plastic Beach faz deste o trabalho mais variado do quarteto. A dançante Stylo, primeiro single do álbum, tem participação do rapper Mos Def e do cantor de soul Bobby Womack; White Flag, que traz uma orquestra do Líbano, é inspirada na música oriental e nas obras do compositor russo Prokofiev. CHOPIN: NOTURNOS, Nelson Freire (Universal) • Noturnos são pequenas peças para piano idealizadas pelo compositor irlandês John Field. Nelas, a mão direita do pianista toca uma melodia que pode ser cantarolada, enquanto a mão esquerda faz um acompanhamento pontilhado. O pianista e compositor polonês Frédéric Chopin usou a criação de Field e a alçou a outro patamar. Ele criou 21 noturnos que estabeleceram sua reputação como grande pianista e lhe abriram as portas dos salões de Paris. Os noturnos hoje são o cavalo de batalha de qualquer pianista que se aventure pelo romantismo. Na interpretação de um solista menos experiente, eles se tornam peças enfadonhas e açucaradas. Pelas mãos de Nelson Freire, que nos últimos dez anos lançou dois CDs dedicados à obra de Chopin, nunca são menos do que sublimes. Em sua dedicação ao compositor, Freire, inequivocamente, e de longe, o melhor pianista brasileiro e um dos melhores em atividade hoje no mundo, superou a gravação de chopinianos de alta patente como a portuguesa Maria João Pires e o italiano Maurizio Pollini. Com Freire, os timbres são cristalinos, e a leitura nunca descamba para o sentimentalismo – só exalta a beleza. LIVRO QUATTROCENTO, de Susana Fortes (tradução de Maria Alzira Brum; Record; 308 páginas; 43 reais) • Em abril de 1478, na catedral de Santa Maria del Fiore, um grupo de conspiradores puxou as adagas escondidas sob suas capas e atacou os Medici, a mais poderosa família da Florença renascentista. Lorenzo de Medici, o Magnífico, foi ferido, mas sobreviveu. Seu irmão, Giuliano, morreu. A conspiração foi atribuída aos Pazzi, uma família rival. O atentado, chamado Conjura dos Pazzi, marcou a memória dos florentinos e serviu de referência simbólica para quadros de vários artistas ilustres, como Leonardo da Vinci e Botticelli. No romance Quattrocento, quem mais se aproxima da reprodução fidedigna dos fatos daquele dia é o pintor fictício Pierpaolo Masoni. Ao preparar uma tese sobre sua obra, a estudante Ana Sotomayor, protagonista do enredo, identifica o verdadeiro autor da conspiração contra os Medici – e, assim, envolve-se em uma investigação policial que a conduzirá até o Vaticano. A espanhola Susana Fortes, que ficou conhecida com o romance O Amante Albanês, transita aqui pelo território entre a fantasia e a realidade. VEJA Recomenda
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