Saturday, March 20, 2010

Vai sobrar alguém?


O governador do Distrito Federal teve o mandato cassado – e todos os principais aspirantes a ocupar o seu lugar enfrentam sérios problemas com a Justiça


Gustavo Ribeiro

Distrito Federal é hoje um território politicamente arrasado para onde quer que se olhe, inclusive o futuro. Nas duas últimas décadas, Joaquim Roriz foi governador por quinze anos. O cacique é apontado como o criador de uma estrutura de corrupção suspeita de desviar mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos. Em 2006, José Roberto Arruda apresentou-se como uma alternativa. Viu-se, porém, que Arruda não só se apossou do esquema de Roriz como também o aprimorou. Afastado do cargo e preso há pouco mais de um mês, o governador teve o lugar ocupado interinamente pelo deputado Wilson Lima, réu em processo por improbidade administrativa. Na semana passada, o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato de Arruda por infidelidade partidária. Seus advogados ainda podem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Se a cassação for ratificada, a Câmara Legislativa vai escolher o sucessor por meio de uma eleição indireta. Solução? Não. Mais problema. Há dúvida quanto à lisura dos integrantes da Casa, já que nada menos que dez dos 24 parlamentares estão sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público como destinatários de propinas.

Se o passado envergonha e o presente é desalentador, as perspectivas de futuro são ainda piores. Joaquim Roriz, o criador do mensalão local, é pré-candidato, e já desponta como o principal postulante ao governo. Pesquisas recentes o colocam em condições até de vencer no primeiro turno. A virtude da democracia é que, em situações assim, há sempre a possibilidade de expulsar do poder os transgressores pelo voto. Em Brasília, o PT apresenta-se como o único partido capaz de limpar a sujeira deixada pelo governo Arruda e afastar o fantasma da volta de Joaquim Roriz. O problema é que os dois candidatos da sigla que disputam a indicação também estão às voltas com denúncias pesadas.

Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte do governo Lula, é investigado pelo Ministério Público por desviar recursos do projeto Segundo Tempo para beneficiar ONGs ligadas a aliados políticos de seu partido. Recentemente, ele foi pilhado invadindo área pública. O outro petista, o deputado federal Geraldo Magela, também tem fantasmas para exorcizar. Em 2004, Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu, foi filmado pedindo propina a um empresário de jogos. Na época, Waldomiro afirmou que parte do dinheiro recolhido foi repassada à campanha de Geraldo Magela ao governo, em 2002, eleição que ele perdeu exatamente para Joaquim Roriz. O lado positivo é que o redemoinho vai acabar tragando muita coisa ruim.

Fotos Alan Marques /Folha Imagem, Orlando Brito/Obritonews, Joedson Alves/AE e Ed Ferreira/AE

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