PT quer usar as enchentes contra Serra
É inevitável que os políticos tentem tirar proveito eleitoral de catástrofes naturais – e é justamente isso que os petistas estão fazendo no caso das tempestades que castigam São Paulo. Há duas semanas, usam as enchentes que assolam a capital do estado para fustigar o prefeito democrata Gilberto Kassab e o governador do estado, José Serra, do PSDB, que deve disputar a Presidência da República contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os petistas desferiram os primeiros ataques em 25 de janeiro, dia do aniversário da cidade de São Paulo. Ao receber uma comenda paulistana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou Gilberto Kassab e José Serra a se unirem ao governo federal em um programa para mitigar os efeitos das chuvas e evitar inundações. Lula eximiu os dois governantes oposicionistas de responsabilidade sobre os danos causados pelos temporais. "Não é culpa do prefeito, do governador ou do presidente individualmente", reconheceu. Lula voltou ao assunto na última quarta-feira. Ao inaugurar um gasoduto da Petrobras no Rio de Janeiro, disse que é preciso investir para resolver os problemas decorrentes dos alagamentos. "Estamos fazendo um processo de reparação da irresponsabilidade daqueles que governaram vinte, trinta anos atrás. E não é partido de direita, não. São partidos de direita, de centro e de esquerda. Isso envolve todos os partidos", afirmou o presidente. Os dirigentes petistas interpretaram essas declarações ponderadas como uma permissão para surfar na desgraça dos paulistas. Em seu novo figurino palanqueiro, a ministra Dilma Rousseff prometeu liberar dinheiro federal para que a capital paulista construa piscinões, nome dado aos reservatórios subterrâneos para onde é escoada a água das chuvas. Disse ainda que poderá direcionar recursos do programa habitacional do governo, o Minha Casa, Minha Vida, para as famílias que moram nas regiões que mais alagam. A tropa petista anunciou que usará as inundações para desgastar a imagem de Serra. "As enchentes serão um tema importante da campanha presidencial. São fatos que denunciam que houve investimentos insuficientes em São Paulo. Vamos usá-los para mostrar os problemas de gestão do PSDB", antecipa o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Hoje, essa estratégia tem um grande potencial de dano para o PSDB. É possível que as próximas pesquisas eleitorais registrem uma queda na aprovação de Serra no estado de São Paulo, que hoje alcança 55%. Restará ao governador tucano provar, nos sete meses que o separam das urnas, que fez todo o possível para, primeiro, evitar os prejuízos provocados pelos temporais e, depois, para aliviar suas consequências.A campanha das enchentes
Em meio ao caos provocado pelas chuvas, dirigentes
do PT tentam converter a tragédia dos paulistas
em trunfo eleitoral da ministra Dilma Rousseff
Vinícius SegallaCarlo Wrede/Ag. O Dia/AE Moderação
Lula isentou o governador José Serra de culpa pelas inundações. O PT fez o inverso