Saturday, May 08, 2010

Os híbridos estão entre nós

da veja

Um modelo da Mercedes e outro da Porsche põem o Brasil 
na era dos carros verdes, menos poluidores, movidos a um
motor a combustível e outro elétrico


Alexandre Salvador

Fotos divulgação
Mercedes-Benz Classe S 400 Hybrid
Motores: elétrico, de 20 cavalos, e a combustão, de 279 cavalos
Tecnologia: uma engrenagem absorve a energia cinética produzida pelas frenagens. 
Essa energia ajuda a aceleração do carro
Preço: 426 000 reais

Os carros híbridos, que combinam um motor convencional a outro movido a eletricidade, há dez anos são anunciados como a grande saída para uma frota mundial menos poluente e menos dependente de combustíveis fósseis. Eles já rodam nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Agora chegou a vez de os brasileiros – pelo menos aqueles com o bolso recheado – terem a chance de estacionar um híbrido na garagem. Há duas semanas, encontra-se à venda nas concessionárias nacionais da Mercedes-Benz o sedã Classe S 400 Hybrid. Segundo o fabricante, ele proporciona uma economia de 19% de combustível e lança menos poluentes no ar em igual proporção, embora desenvolva a mesma potência do modelo movido apenas a gasolina. Até 2011, chegará às lojas o primeiro Porsche híbrido comercializado no Brasil, o modelo Cayenne S Hybrid, versão mais moderna e econômica do utilitário esportivo grandalhão da marca alemã. De acordo com a Porsche, o Cayenne dotado também de motor elétrico é 23% mais econômico que o modelo convencional.

Tanto o carro da Mercedes quanto o da Porsche utilizam o princípio mais comum entre os híbridos: aproveitar a energia de desaceleração do veículo, que seria dissipada pelos discos de freio em forma de calor, para alimentar o motor elétrico. Na temporada de 2009, os carros de Fórmula 1 usaram esse mesmo sistema, batizado de Kers, sigla em inglês para sistema de recuperação de energia cinética. Cada um dos dois modelos alemães que chegam ao Brasil, porém, usa essa energia cinética de forma diferente. No Classe S 400, o motor elétrico é complementar. Ele fornece até 20 cavalos de potência a mais ao veículo e proporciona economia de combustível na arrancada. No Porsche Cayenne, o motor elétrico pode atuar como fonte exclusiva de tração, embora por percursos curtos. Quando o carro roda a menos de 60 quilômetros por hora, o motor elétrico é automaticamente acionado, diminuindo o consumo de combustível. O motorista também tem a alternativa de acioná-lo no momento em que desejar, por meio de um botão no painel – exatamente como faziam os pilotos de Fórmula 1 ao usar o Kers.

Quando os primeiros carros híbridos surgiram, destinavam-se a um pequeno grupo que se dispunha a pagar mais caro para andar num veículo de motor fraco, mas ecologicamente correto. Não é à toa que muitos dos primeiros compradores eram estrelas de Hollywood em busca de publicidade ao ligar seu nome à causa nobre de salvar o planeta do aquecimento global. Esse conceito mudou na última década. Primeiro, os híbridos se tornaram mais possantes e atraentes. Um deles, o Toyota Prius, virou um sucesso, alcançando até hoje a marca de mais de 1 milhão de unidades vendidas no mundo.

A chegada dos novos modelos de Mercedes e Porsche indica que os híbridos estão ganhando força até mesmo em marcas mundialmente conhecidas pelos motores de alto desempenho. Na última edição do salão do automóvel de Detroit, em janeiro deste ano, a versão híbrida do sedã Ford Fusion ganhou o prêmio de carro do ano, ou seja, foi indicado como um exemplo a ser seguido pela indústria automobilística. "Ao contrário do que ocorre no Brasil, onde o etanol está consolidado, a Europa, os Estados Unidos e o Japão têm opções restritas à gasolina e ao diesel, por isso é crucial que invistam tanto em tecnologias alternativas", afirma José Edison Parro, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.

A Toyota diz que, por enquanto, não pretende lançar o Prius no Brasil, justamente porque o país já tem o etanol como combustível alternativo. Mesmo assim, alguns analistas preveem que os carros híbridos conquistarão cada vez mais adeptos no Brasil. Embora mais caros que os modelos convencionais, são mais econômicos no dia a dia. O diretor da Ford na América do Sul, Rogelio Golfarb, aposta que, em dois anos, os carros híbridos serão relativamente comuns nas ruas brasileiras. "Eles devem seguir o caminho de popularização de outras tecnologias, como a do câmbio automático e a do airbag", ele diz. O primeiro passo foi dado pela Mercedes-Benz e pela Porsche.

Porsche Cayenne S Hybrid
Motores: elétrico, de 47 cavalos, e a combustão, de 333 cavalos
Tecnologia: o motor elétrico move o carro a 60 quilômetros por hora por até 2 quilômetros
Preço: indefinido


Smart Fortwo MHD
Motor: a combustão, de 71 cavalos
Tecnologia: o motor é desligado automaticamente quando se freia o carro 
a menos de 8 quilômetros por hora, economizando combustível
Preço:49 900 reais

 


Vingança contra o congestionamento

O Smart Fortwo, minicarro franco-alemão de dois lugares e apenas 2,70 metros de comprimento, foi lançado há um ano no Brasil e se provou um sucesso. A meta do fabricante de colocar 500 carros por ano nas ruas logo foi superada. Até o mês passado, 1 700 unidades do veículo haviam sido vendidas. No fim deste mês, o Smart ganhará uma nova versão, o Fortwo MHD (sigla em inglês para direção micro-híbrida). Embora não seja equipado com motor elétrico, como os híbridos convencionais, ele tem um sistema destinado a economizar combustível. Quando o motorista aciona o freio e o veículo atinge velocidade inferior a 8 quilômetros por hora, o motor é automaticamente desligado. Ao soltar o pedal do freio, o carro instantaneamente dá a partida e, em fração de segundo, volta ao funcionamento normal. Com o novo sistema, o Smart passa a não desperdiçar combustível nos congestionamentos. Já é um consolo para quem vive parado no trânsito.

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