Nas asas do progresso do interior do Brasil
A demanda em alta e a renovação dos aeroportos atraíram investidores. Em quatro anos, o número de companhias que se dedicam à aviação regional cresceu 30%. Atualmente, são doze. As novas empresas injetaram concorrência na área, operando com aviões mais novos, confortáveis e com menor custo de manutenção. A gaúcha NHT foi a pioneira da nova fase. Criada em 2006, ela conecta treze cidades da Região Sul. No ano passado, ela ganhou uma rival, a paranaense Sol Linhas Aéreas, cujos cinco aviões ligam Curitiba a Cascavel, Foz do Iguaçu e Maringá. É na Amazônia, porém, que a aviação regional atende mais localidades. São 49 no total. Fundada em Roraima, a Meta começou como uma empresa de garimpo. Hoje, liga Boa Vista a Belém e outros sete destinos e exibe a melhor taxa de ocupação entre todas as companhias aéreas brasileiras: 87%. Apareceram oportunidades de negócio até no bem servido Sudeste. Fundada em 2007, a Air Minas voa de Belo Horizonte para quatro municípios do interior do estado e para São Paulo. No ano passado, a empresa transportou mais de 20 000 passageiros. Exemplos como o da Air Minas estimularam o ex-governador mineiro Aécio Neves a reformar aeroportos de 23 cidades e o da Pampulha, na capital, que passou a distribuir os voos intraestaduais. Resultado: em sete anos, o número de cidades mineiras servidas por voos regulares triplicou.A aviação regional nacional retoma o fôlego, embalada pelo vigor
do agronegócio e pelo desenvolvimento das cidades médias
Leonardo CoutinhoDivulgação CÉU DE BRIGADEIRO
A Air Minas decolou há três anos, na esteira da reforma dos aeroportos feita pelo ex-governador Aécio Neves
A aviação regional levou trinta anos para atravessar a zona de turbulência na qual entrou depois que o governo parou de subsidiá-la. Em meados desta década, o setor emitiu os primeiros sinais de que poderia voltar à rota. Em 2009, enfim, decolou. A receita das companhias aéreas que atuam no interior do país aumentou 12% no ano passado. A participação desse segmento no mercado geral de aviação triplicou: foi de 2% para 6%. Consultorias como a americana Bain & Company projetam que esse patamar de crescimento deve manter-se estável pelos próximos vinte anos, no mínimo. Se a previsão se confirmar, em 2030, um em cada cinco passageiros brasileiros viajará em empresas regionais, proporção semelhante à dos Estados Unidos. Um dos motivos de otimismo é o fato de o segmento, agora, expandir-se sem ajuda oficial. Sua propulsão é o agronegócio, uma das cadeias produtivas mais bem-sucedidas e promissoras da economia nacional. As viagens dos empresários do campo, de seus funcionários e fornecedores tornaram as frotas regionais lucrativas. O movimento foi acompanhado da reforma das pistas dos pequenos aeroportos. Em alguns municípios ricos, a modernização foi bancada pelas prefeituras, que preferiram usar os próprios recursos a ter de esperar por verbas da estatal Infraero. Hoje, 140 deles são atendidos por voos regulares.