Friday, April 02, 2010

Mais um golaço de jobs


Com seus 150 000 aplicativos, o iPad é mais barato e fácil de usar
do que um notebook – e será um novo sucesso da Apple de Steve Jobs


Benedito Sverberi e Larissa Tsuboi


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Após um ano de rumores e expectativas, chega finalmente às lojas dos Estados Unidos a mais recente novidade da Apple, o iPad. O tablet, um misto de notebook, leitor de livros digitais e terminal móvel de acesso à internet, teve 120 000 encomendas só no primeiro dia de pré-venda, em 12 de março. A previsão de alguns analistas é que será atingida até junho a marca de 1 milhão de aparelhos comercializados. Projeções mais otimistas chegam a apontar para 10 milhões de unidades no primeiro ano. Tamanha procura – que já causa atrasos de até uma semana nas entregas e promete filas na porta das lojas – contrasta com a fria recepção dos especialistas em janeiro, quando houve o anúncio do aparelho. Apesar de Steve Jobs, presidente da companhia, não ter economizado elogios ao apresentar seu novo invento ("impressionante", "mágico", "revolucionário"), muitos viram no iPad um irmão anabolizado do iPhone, com poucos recursos que o tornassem excepcional. A decepção inicial deu lugar à percepção de que a Apple, mais uma vez, parece ter criado um aparelho que será a referência do mercado em sua categoria.

Com o iPad, a Apple sintetizou todas as virtudes que a caracterizaram desde o seu início, em 1976, que podem ser resumidas em eficiência técnica, simplicidade de manuseio e elegância visual – conceitos agora levados ao extremo. Por fora, o novo aparelho não passa de uma tela de alta resolução. Mas com ele podem-se executar praticamente todas as operações que se fazem com um notebook. De quebra, haverá desde o início 150 000 aplicativos disponíveis para ser baixados, muitos deles os mesmos criados originalmente para o iPhone, mas também um bom número de ferramentas novas e exclusivas para o iPad. Por fim, alguns programas consagrados dos computadores Mac foram transpostos para o tablet, preenchendo a lacuna existente entre smartphones e notebooks. São exemplos o Numbers, de planilhas, e o Keynote, usado para preparar slides para apresentações. Como novidade haverá a iBookStore, loja virtual de livros criada pela Apple à maneira da Amazon, que fabrica o Kindle, o leitor digital (e-reader) mais popular até aqui.

Uma ideia fundamental por trás do iPad é transmitir às pessoas que o utilizam a sensação de que o aparato físico não existe. Uma nova tecnologia multitoques tornou sua tela ainda mais sensível ao movimento dos dedos que a de um iPhone. O tamanho do visor garante leitura confortável – é pouco menor que esta página – e o peso de apenas 680 gramas torna práticos o transporte e o manuseio. Marcelo Tripoli, da agência de marketing digital iThink, explica que o fato de ser simples, somado aos preços convidativos (a partir de 499 dólares, o segundo menor de um lançamento Apple), vai assegurar sucesso de vendas. "Acho que o grande público acabará seduzido pela simplicidade e pela facilidade de uso do iPad", diz o especialista.

Da mesma forma que o iPod e outros tocadores digitais transformaram o mercado de música, acredita-se agora que o iPad e outros aparelhos do tipo que estão chegando ao mercado vão revolucionar a maneira pela qual livros, revistas e jornais são comercializados e lidos. Na corrida pela inovação e adaptação de conteúdo digital, quem também deve lucrar é o mercado de publicidade on-line. A ideia é vender anúncios para portais de notícias feitos sob medida. É que a experiência de navegação nesses dispositivos multiplica as possibilidades de interação. Basta tocar na publicidade de um carro, por exemplo, para fazê-lo girar, mostrando todos os seus ângulos, ou ainda exibir uma ficha com suas especificações técnicas. Para a Apple, ao mesmo tempo, o iPad pode ser uma generosa fonte de receita. Isso porque a empresa não ganha apenas ao vender o seu produto. A Apple fica com 30% do valor de cada aplicativo, música ou livro comercializado em suas lojas virtuais. É uma diferença abissal em relação a outros fabricantes de eletrônicos, que faturam com a venda de seus equipamentos e fim. Prova de que Steve Jobs é um gênio não apenas do design, mas também dos negócios. Com o iPad, essa receita de sucesso será catapultada.







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