Por volta das 17h, uma frente fria vinda do sul encontra uma massa de ar quente e ventos que sopram do mar para o continente. Forma-se o temporal que, por mais de 36 horas, assolaria o Rio. À noite, vias são bloqueadas, trens e metrô têm circulação prejudicada e há cortes de fornecimento de luz. Começam os deslizamentos de terra.
A cidade amanhece alagada. O prefeito Eduardo Paes pede que a população fique em casa. Niterói, na Região Metropolitana, é a cidade com maior número de deslizamentos de terra e soterramentos. O secretário estadual de Saúde e Defesa Civil defende a remoção de favelas das encostas. O número de mortes no estado chega a 98.
A chuva para pela primeira vez, e a cidade tenta se recompor. Geólogos alertam para o risco de novos deslizamentos nas encostas encharcadas. Em Niterói, recomeça o pesadelo. Um deslizamento de grandes proporções no Morro do Bumba, bairro Viçoso Jardim, faz desaparecer cerca de 50 casas. O número de vítimas fatais no estados chega a 133.
A dimensão da tragédia em Niterói começa a se revelar. Um morro que servira de depósito de lixo e sobre o qual foi construído um conjunto de casas desmorona, soterrando cerca de 200 pessoas, segundo estimativas. O resgate prossegue à noite, mas é mínima a chance de encontrar sobreviventes. O número de vítimas em todo o estado passa de 170.
O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, reconhece o erro de ter deixado crescer a favela sobre o lixão. Dos escombros, são retirados um cão e uma cadela com vida, o que reacende a esperança – ainda que mínima – de sobrevivência no lamaçal. O número de vítimas e todo o estado se aproxima de 200.