Saturday, February 27, 2010

O óleo da massa


O azeite conquista os emergentes – mas não apenas para alimentação


Renata Betti

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Ao lado do vinho, a região do Mediterrâneo tem uma cesta de produtos nobres cujo consumo nos países em desenvolvimento, até recentemente, era restrito às classes altas. Nos últimos cinco anos, porém, artigos como frutas secas, vinagre balsâmico, nozes e castanhas começaram a ganhar mercado nos emergentes. Nos quatro maiores, os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), nenhum avançou mais rápido que o azeite. Desde 2005, as vendas do produto nesses países tiveram, em média, crescimento de 235%. Nos Estados Unidos, o segundo maior mercado mundial de azeite, atrás apenas da União Europeia, o número ficou na casa dos 20%. Dois fatores ajudam a entender a difusão do óleo de oliva nos Brics. O primeiro é a expansão da renda: uma classe média maior gasta mais, tanto em volume quanto em qualidade. Tão importante quanto isso, no entanto, foi o fato de que os fabricantes de azeite entenderam que cada lugar tem as suas especificidades(veja o quadro). Na Índia, por exemplo, o produto passou a ser vendido na seção de produtos de beleza dos supermercados. Além de nutrir os cabelos das indianas, ele é usado na pele, para prevenir estrias.

Entre os integrantes dos Brics, o Brasil é o que tem, de longe, o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir 50 000 toneladas em 2010. Como o país tem forte influência espanhola, italiana e portuguesa (os mais importantes produtores mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e saladas é mais comum do que nos outros do grupo – e as empresas do ramo praticamente não mudam suas táticas de venda no mercado brasileiro. Na China, o comércio do produto varia conforme o calendário. Em datas festivas, as pessoas trocam vidros de azeite como presente. As empresas se preparam para essa época e fazem embalagens especiais, já que a finalidade do produto é enfeitar as estantes das casas. "Os chineses quase não comem salada. Tivemos de encontrar maneiras alternativas para vender lá", diz David Prats, presidente do grupo espanhol Borges, um dos maiores fabricantes de azeite do mundo. A companhia, que há quinze anos vende seus produtos no Brasil por meio de importadoras, decidiu no ano passado abrir uma filial no país. "O mercado brasileiro está fervilhando. Enquanto as nossas vendas ficaram estáveis em alguns países, no Brasil elas subiram 30% em 2009", completa o espanhol

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