Carta ao Leitor
Uma reportagem desta edição de VEJA relata os bastidores da "aclamação" da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como pré-candidata do PT às eleições presidenciais de outubro deste ano, quando os brasileiros irão às urnas escolher o sucessor do presidente Lula. Dilma foi, desde meados do primeiro mandato, a candidata in pectore de Lula. Pouco a pouco, o presidente foi deixando sua preferência tornar-se pública ao tempo em que desbastava as resistências ao nome de Dilma entre os bolsões radicais porém sinceros do petismo. Uma neófita na agremiação, a ministra representa para o PT tão somente a única candidatura com chance de garantir a manutenção do partido no poder. Por esse motivo, sua aclamação se deu entre aspas. Dilma foi aceita pelo partido que agora depende dela tanto quanto dependeu de Lula nos seus trinta anos de vida. Os repórteres de VEJA relatam que a escolha de Dilma por Lula, sua imposição ao partido e, finalmente, na semana passada, sua indicação como futura candidata governista foram etapas de uma tensa e desgastante manobra interna. Essa mesma dinâmica abriu picadas para a caminhada política de Lula até o Planalto e tem sido uma constante durante seus dois mandatos. No governo Lula, ela visou a neutralizar as ruinosas teses de ruptura revolucionária com a democracia, a economia de mercado, a liberdade de expressão e outros preciosos avanços trazidos pelo progresso social, material, espiritual e cultural tão arduamente conquistados pelos brasileiros. Agora consistiu em impedir que os radicais do partido tomassem a rédea do processo de unção da candidata oficial. Lula logrou conter o ímpeto dos radicais, dando-lhes cargos periféricos e gordas verbas em troca de obediência canina. Dilma, se eleita, conseguirá? A reportagem de VEJA desta semana mostra que essa é desde já uma questão prioritária para a candidata petista. Mesmo que não por convicção ideológica, mas por instinto de sobrevivência política, solidificou-se em Dilma e ao seu redor a noção de que as instituições democráticas no Brasil são um trilho que permite aos governantes curvas e evoluções tortuosas – mas não o retrocesso.O trilho institucional
Lula Marques/Folha Imagem Dilma no congresso do PT
Lula desinflou os bolsões radicais e fez sua candidata