Friday, January 01, 2010

VEJA Recomenda


LIVRO

O SOM DA MONTANHA, DE YASUNARI KAWABATA (TRADUÇÃO DE MEIKO SHIMON; ESTAÇÃO LIBERDADE; 344 PÁGINAS; 53 REAIS)

Prêmio Nobel de Literatura de 1968, o japonês Yasunari Kawabata sabia explorar de forma ao mesmo tempo sensível e impiedosa as angústias de homens velhos às voltas com uma pulsão sexual que não se submete à ditadura do decoro convencionalmente exigido pela idade. Tal é o drama de Eguchi, protagonista de A Casa das Belas Adormecidas, e também de Shingo Ogata, o patriarca de O Som da Montanha. Ogata, como tantos personagens de Kawabata, é um esteta, fascinado pela beleza das paisagens, dos pássaros – e de uma jovem
nora. Nas reflexões do personagem, surge às vezes a ideia de suicídio. O próprio Kawabata matou-se, em 1972, aos 72 anos.


Os mais vendidos em 2009

A série Crepúsculo, da americana Stephenie Meyer, foi o grande fenômeno do ano, com mais de 2,5 milhões de exemplares comercializados de seus quatro livros. Stephenie segue uma senda aberta por J.K. Rowling em Harry Potter: livros em série com protagonistas jovens envolvidos em uma história fantástica (no caso, trata-se da paixão entre uma garota e um vampiro). Seu romantismo descabelado conquistou sobretudo o público jovem feminino. O topo da lista de 2009 – elaborada com base na soma de todas as vendagens das listas publicadas ao longo do ano em VEJA –, porém, ficou com a ficção cristã A Cabana, do canadense William Young, com vendas na casa de 1 milhão. É um romance com um claro tom de autoajuda. O mesmo vale para os dois títulos de Augusto Cury que entraram na lista de ficção – não por acaso, Cury conquistou o primeiro lugar em autoajuda, com O Código da Inteligência, que já vendeu mais de 250 000 exemplares. Confirmando essa tendência de "contrabando" da autoajuda para as demais categorias, a americana Elizabeth Gilbert foi a mais vendida em não ficção, com Comer, Rezar, Amar, em que narra suas viagens – geográficas e místicas – pela Itália, Índia e Indonésia. Vendeu mais de 300 000 cópias no Brasil – 160 000 só em 2009.

DVD


MORE THAN THIS: THE STORY OF ROXY MUSIC (ST2)

Brian Cooke/Getty Images

DVD
Roxy Music:
inovações no pop
e na moda dos
anos 70


Conhecido no Brasil pela balada Avalon e pelo trabalho-solo do elegante vocalista Bryan Ferry, o Roxy Music está entre os inovadores do pop britânico – tanto na música como no visual. Desenvolveu um estilo musical único, que trazia rocks experimentais combinados a rhythm’n’blues, e tinha um figurino ousado para os anos 70, fruto da colaboração com o estilista Antony Price. Pelo Roxy passaram grandes músicos, como Brian Eno, que mais tarde seria produtor dos melhores álbuns do U2. O documentário conta a história da banda, com depoimentos de críticos, jornalistas e músicos. O DVD traz, no bônus, um show revival do Roxy Music, na Inglaterra, em 2006.

DISCOS

PIQUENIQUE, Ed Motta (Trama)

Lailson Santos

DISCO
Ed Motta: de volta às pistas de dança

Ed Motta voltou a ser Ed Motta. Um dos mais celebrados artistas do soul brasileiro, nos últimos anos ele abandonou as pistas de dança para lançar trabalhos calcados no jazz, no rock e até nas canções de musicais americanos. Eram bons discos, mas não chegavam ao nível de excelência das incursões de Motta pelo soul e funk. Em Piquenique, o cantor trabalha com dois colaboradores importantes. O primeiro é o cantor e instrumentista Silvera, coprodutor do CD. A outra ajuda vem de Edna Lopes, mulher de Motta, que aqui faz sua estreia como letrista.Piquenique, como o próprio disco sugere, é um trabalho solar, ideal para ouvir em festas ou no carro. Mensalidade e Pé na Jaca, com seu casamento de ritmos da década de 70 e sonoridades modernas, são pontos altos do álbum.

THE ELEMENT OF FREEDOM, Alicia Keys (Sony)

Ethan Miller/Getty Images

DISCO
Alicia Keys: lamentos
pelo grande amor perdido
e pelos pobres de Nova York


A cantora e compositora americana Alicia Keys soube encontrar um meio-termo entre as produções modernas de música negra e o neo-soul – um gênero cujos artistas pregam a volta da sonoridade dos anos 60 e 70. Neste quarto álbum, Alicia trabalha com o melhor do R&B contemporâneo, como Beyoncé (as duas cantoras duelam na faixa Put It in a Love Song) e Jay-Z. Seus dotes como pianista e seu esmero na produção de cada canção são dignos de um Prince – bem superiores aos da média dos astros da música negra contemporânea. As canções românticas sobressaem em The Element of Freedom (em oito delas, a cantora chora a perda de um grande amor). Mas a letra mais forte é de Empire State of Mind, que fala da crueldade das ruas pobres de Nova York.

LIVE AT THE ISLE OF WIGHT 1970, Leonard Cohen (Sony/BMG)

Hans Jurgen Dibbert/Getty Images

DISCO
Leonard Cohen: acalmando
as feras na Ilha de Wight


Na madrugada de 31 de agosto de 1970, o canadense Leonard Cohen foi acordado pela produção do festival da Ilha de Wight, na Inglaterra. Sua missão: apaziguar uma turba de 600 000 pessoas, que tinha hostilizado Jimi Hendrix, a atração anterior, e botado fogo em um piano. Cohen, tímido que só ele, conseguiu aquietar a plateia. O concerto da Ilha de Wight foi gravado quase por acaso. O engenheiro de som Teo Macero estava ali para registrar a performance de Miles Davis e gravou também o show de Cohen. Para quem enfrentou uma plateia tão indócil, o compositor canadense fez um show e tanto. Estão ali belas versões de cavalos de batalha de seu repertório, como Bird on a Wire e Suzanne. O disco traz ainda um DVD que mostra parte da performance apaziguadora de Cohen.

Os mais vendidos

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