Sunday, January 10, 2010

O smartphone do Google e os tablets da Microsoft e da Apple

Tábua da inovação

Os tablets, pranchetas eletrônicas que reúnem funções de computadores e celulares inteligentes, representam a grande novidade em tecnologia de uso pessoal – e é neles que poderá ser escrito o futuro da internet móvel


Benedito Sverberi

VEJA TAMBÉM

Uma nova geração de aparelhos promete transformar a maneira como as pessoas vão se informar, trabalhar e divertir-se. São os tablets, pranchetas que conjugam os recursos de um computador portátil aos dos smartphones, os celulares com acesso à internet. À maneira de um iPhone, sua tela sensível ao toque (touch screen) responde ao movimento dos dedos, permitindo "folhear" páginas da internet, fotos e livros digitais. Mas esses aparelhos são maiores que iPods ou celulares, o que faz com que neles seja mais agradável ler textos longos e assistir a vídeos. Os primeiros exemplares foram apresentados na semana passada, durante a Consumer Electronics Show, em Las Vegas, a maior feira de eletrônicos do mundo. Steve Ballmer, o presidente da Microsoft, mostrou os modelos de três fabricantes, entre eles o Archos, já à venda, e um protótipo da HP. O tablet mais aguardado, no entanto, é aquele que, dizem os rumores, deverá ser lançado pela Apple no fim do mês. "Não se ansiava tanto por uma tabuleta desde que Moisés desceu da montanha com os mandamentos", escreveu um colunista do New York Times. Espera-se que a empresa de Steve Jobs, depois de revolucionar os celulares com o lançamento do iPhone há três anos, crie mais uma vez o aparelho de referência, com o qual todos os similares serão comparados.

Mais do que a invenção de um novo gadget, nessa disputa está em jogo a primazia no mercado de internet móvel. Um estudo recente do banco Morgan Stanley prevê que o tráfego de dados nas redes móveis deve crescer 66 vezes entre 2008 e 2013. É aí que se concentra a atenção das principais empresas do setor, sobretudo dos gigantes Microsoft, Apple e Google. Além dos tablets, foram apresentados novos modelos de celulares e leitores de livros digitais (os e-readers) que cada vez mais possuem funções similares às dos computadores compactos. Um dia antes da abertura da feira, o Google apresentou a sua novidade: o Nexus One, um telefone celular com acesso à internet e tela touch screen que nasce com a missão de combater a liderança do iPhone. Trata-se do primeiro aparelho que será vendido pela empresa e também o primeiro que carregará a sua marca.

Essa nova linhagem de eletrônicos, sem exceção, tem como característica comum a capacidade de se conectar à internet móvel. Isso porque o futuro está nas nuvens. Em vez de carregar para lá e para cá pen drives ou CDs de dados, já é possível manter documentos em arquivos virtuais, que podem ser consultados em qualquer local do planeta – onde exista acesso à internet, lógico. As informações ficam guardadas em grandes centros de armazenagem de dados (o Google, por exemplo, possui estimados 24 deles ao redor do mundo). É esse o chamado sistema de computação em nuvens. Com o avanço da internet móvel, brotam ingredientes que poderão alterar as relações de poder entre os gigantes de tecnologia. "Mais que criar aparelhos de qualidade, sairá vencedor quem souber construir a melhor cadeia de aplicativos em torno deles – e os melhores canais para ganhar dinheiro com seu uso", diz Silvio Meira, professor de engenharia de software da Universidade Federal de Pernambuco. Há dúvida, por exemplo, se o Google conseguirá replicar nas redes móveis o seu bem-sucedido modelo de lucrar com a venda de links patrocinados na internet convencional usando como isca a oferta de serviços gratuitos. Para o presidente da AgênciaClick, Abel Reis, será mais complexo vender publicidade no mundo sem fio: "Estamos na infância da utilização da publicidade em meios móveis. Há um potencial enorme de geração de receitas nesse mercado".

Um setor que deverá ser especialmente beneficiado por essas inovações é a imprensa. Os tablets acenam com a mais bem-sucedida transposição para o mundo eletrônico da relação secular que o ser humano cultiva com livros, jornais e revistas. Com o toque dos dedos diretamente na tela, sem a necessidade de usar mouse ou qualquer outro dispositivo, pode-se "folhear" uma publicação. A leitura de conteúdo transmitido pela internet se torna mais prazerosa e simples do que nos computadores atuais. Uma tela colorida e maior oferece, ainda, mais recursos para a veiculação de publicidade. Os tablets podem ser uma tábua de salvação também para a imprensa.

Blog Archive