Sunday, December 27, 2009

Memória


Retrospectiva 2009


Michael Jackson
50 anos, cantor

Annie Leibovitz


Para encontrar o sucesso, Michael Jackson teve de perder a infância. Seu pai era um músico frustrado que decidiu adestrar os filhos para ganhar dinheiro no showbiz. Assim nasceu o conjunto Jackson Five, nos anos 60, composto de quatro meninos incríveis e um extraordinário: Michael. Sua voz aguda e afinadíssima, emoldurada por um jeito de dançar que o fazia uma espécie de Fred Astaire da música negra, o projetou ao estrelato. Na década seguinte, ele iniciou carreira-solo, gravando músicas que entraram para as antologias de clássicos disco, como Off the Wall. Mas foi nos anos 80 que Michael se tornou rei, imperador, soberano absoluto, com o álbum Thriller, que atingiu a marca não superada de 100 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Com Thriller, ele pulverizou a fronteira entre música negra e rock branco. Com Thriller,ele revolucionou a linguagem do videoclipe. À medida que a fortuna aumentava, no entanto, sua personalidade se desintegrava. Michael desfigurou seu rosto com uma série de cirurgias plásticas, clareou toda a pele - de negro, tornou-se branco -, num procedimento até hoje cercado de mistério. Cada vez mais esquisitão, transformou sua casa, batizada de Neverland (Terra do Nunca, em referência a Peter Pan, o garoto que se recusa a crescer), num parque de diversões. Depois de admitir que convidava crianças para dormir em seu quarto, enfrentou processos por pedofilia. No fim da vida, havia acumulado dívidas de 500 milhões de dólares e estava viciado em remédios. Tentou, enfim, achar a infância, sacrificando o sucesso. (em junho)

"Sua música tinha uma camada extra de uma magia inexplicável, que não fazia somente você querer dançar, mas acreditar que podia voar, sonhar e ser o que você quisesse ser - é isso que os heróis fazem, e Michael Jackson era um herói."
Madonna, cantora

Claude Lévi-Strauss
100 anos, antropólogo

Stephan Gladieu/Contrubutor/Getty Images


Ele fez parte daquela raríssima classe de homens que podem ser chamados de sábios. Seu grande legado foi a refundação da antropologia. Claude Lévi-Strauss revolucionou essa ciência ao comparar diferentes culturas - não buscando o que as distanciava, como se fazia antes dele, mas o que as unia. Descobriu, assim, que há estruturas de comportamento universais. Que todas as sociedades humanas, das primitivas às avançadas, apresentam traços comuns e se fundam no tabu do incesto para constituir-se. Francês, Lévi-Strauss tinha uma forte ligação com o Brasil. Viveu no país entre 1935 e 1939, período em que estudou tribos indígenas e ajudou a criar a Universidade de São Paulo. A experiência serviu de base para que escrevesse sua obra mais célebre: Tristes Trópicos. (em novembro)

"Sua obra é uma fonte de inspiração à igualdade e ao diálogo das culturas."
Jacques Chirac, ex-presidente da França

Farrah Fawcett
62 anos, atriz

Divulgação


Se o leitor viveu os anos 70, conhece bem a foto que ilustra esta página. Olhar luminoso, sorriso perfeito, cabeleira leonina - e uma roupa de banho que insinuava tudo o que, supostamente, deveria esconder. De tão hipnótica, a imagem de Farrah Fawcett estabeleceu o padrão da beleza americana naquela década. Transformada em pôster, vendeu 12 milhões de cópias - nenhuma pin-up chegou tão longe - e rendeu à jovem atriz um convite para coestrelar a série As Panteras, ao lado de Kate Jackson e Jaclyn Smith (igualmente lindas, mas certamente menos magnéticas). Milhões ao redor do mundo acompanharam as aventuras do trio de detetives na TV - eles babando pelas formas de Farrah; elas tentando imitar o corte de cabelo. No auge da fama, ela abandonou o programa para fazer carreira no cinema. Escolhas equivocadas, no entanto, lhe renderam uma filmografia medíocre, pontuada por uma ou outra produção razoável. Não importa. Farrah foi a pantera entre as panteras. (em junho)

"Ela foi a Marilyn Monroe dos anos 70."
Hugh Hefner, fundador da Playboy

John Updike
76 anos, escritor

Michael O'Nill/Corbis Outline/Latinstock


A mediocridade foi o caminho escolhido por John Updike para atingir a grandeza. Os dramas, ambições e frustrações do americano de classe média foram tema dos melhores entre os sessenta livros escritos por ele. "Gosto do meio. É nele que os extremos colidem e a ambiguidade governa implacavelmente", disse certa vez. Em Casais Trocados (1968), Updike chocou seus compatriotas ao dissecar o adultério. Na série Coelho Corre (1960), Coelho em Crise (1971), Coelho Cresce (1981) e Coelho Cai (1990), lançou mão de um vendedor de carros, Harry Angstrom, o Coelho, para compor um panorama dos Estados Unidos profundos na segunda metade do século XX. (em janeiro)

"Ele é, e sempre será, nada menos que um tesouro nacional."
Philip Roth, escritor

Robert McNamara
93 anos, ex-secretário de estado americano

Associated Press


Em 1960, Robert McNamara trocou um dos melhores empregos dos Estados Unidos, o de presidente da Ford (aquela Ford de cinquenta anos atrás, bem entendido), por um dos piores empregos do mundo durante a Guerra Fria - o de secretário de Defesa dos Estados Unidos, na condição de primeiro civil a ocupar o cargo. McNamara, que na II Guerra Mundial utilizou seus conhecimentos matemáticos para aumentar a eficiência dos bombardeios a cidades japonesas, viu-se imerso num pesadelo, a Guerra do Vietnã, com inimigos que não se comportavam segundo os manuais de estratégia tradicionais - e que levaram os Estados Unidos ao maior desastre militar de sua história. Em 1967, torpedeado pela escalada sangrenta e sem resultado no Sudeste Asiático, deixou o governo. Passou o resto de seus dias tentando apagar da memória a imagem de crianças vietnamitas queimadas pelas bombas de napalm. (em julho)

"Foi o arquiteto de uma das maiores tragédias americanas."
Richard Immerman, historiador

Clodovil Hernandez
71 anos, estilista

Ariovaldo Santos/Folha Imagem


No Brasil da década de 60, não havia fashion week, nem "tendência". Havia dois estilistas, Dener e Clodovil, que faziam vestidos para artistas e grã-finas e se alfinetavam quando queriam ganhar notas nas colunas sociais. Dener morreu estilista, em 1978. Clodovil morreu deputado federal, um dos mais votados do país, com quase meio milhão de votos. No meio-tempo, foi apresentador de televisão. Fez sucesso por causa do estilo afetado e da língua ferina, que foram transportados para o Congresso. Cobrado, por exemplo, por não ter apresentado um único projeto de lei em defesa dos direitos dos homossexuais, respondeu: "Quais direitos? Direito de promover passeatas? Não tenho orgulho de transar com homem". (em março)

"Perdemos um suntuoso vestido brasileiro, um vestido de lindos bordados."
Ronaldo Esper, estilista

Ted Kennedy
77 anos, político americano

Timothy Greenfield-Sanders/Corbis Outline/Latinstock


Como os irmãos John e Bob, ele era bonitão. Como os irmãos John e Bob, era um admirador ardente do sexo feminino. À diferença de John e Bob, ele não sofreu nenhum atentado. Mas se envolveu numa história de morte muitíssimo mal explicada, em 1969, quando saiu bêbado de uma festa, enfiou o carro em um rio, afogando sua jovem acompanhante e, com ela, suas próprias ambições à Presidência dos Estados Unidos. Salvou o mandato, para tornar-se um dos senadores mais influentes da história americana. (em agosto)

"Suas ideias e ideais se refletem em todos os que podem buscar seus sonhos em uma América mais igual e justa - inclusive eu."
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

Patrick Swayze
57 anos, ator

Greer Studios/Corbis Outline/Latinstock


Desde a escola, foi um caso raro: ao mesmo tempo em que se destacava no time de futebol americano, cultivava a paixão pela dança. Essa mescla incomum, de virilidade e leveza, fez de Swayze um astro de Hollywood. Ele explodiu com Dirty Dancing (1987) e fez suspirar de ternura e paixão com o improvável Ghost (1990), que o consagrou como galã. Passou anos lutando para se livrar desse rótulo. Para isso, buscou interpretar personagens ainda mais incomuns do que o fantasma proativo do filme que o tornou definitivamente célebre - de um guru de autoajuda a uma drag queen. Em 2008, descobriu um câncer no pâncreas, que lhe dava pouquíssimo tempo de vida. Mesmo sob quimioterapia, decidiu filmar uma temporada completa da série de televisãoThe Beast. E com ela se despediu. (em setembro)

"Patrick era uma combinação de masculinidade e graça."
Jennifer Grey, atriz

Lincoln Gordon
96 anos, economista, educador, diplomata

Fabian Bachrah/Thurman Library


Abraham Lincoln Gordon foi um dos luminares da geração descrita por David Halberstam como "os melhores e os mais brilhantes". Vindos de Harvard, Yale, Princeton, Stanford e Columbia, eram a nata dos universitários americanos. Ficaram célebres pela condução colegiada das políticas externas dos presidentes John Kennedy e Lyndon Johnson. O primeiro objetivo nacional permanente então era a contenção do expansionismo soviético no mundo. Para segurar os comunistas, valia mentir ao público, falsear dados, derrubar presidentes constitucionais e começar guerras sem saber como terminá-las - caso notório do Vietnã. Lincoln Gordon era o embaixador americano no Brasil quando, em 1964, os militares depuseram o presidente esquerdista João Goulart. O papel de Gordon no desfecho do golpe é uma questão abrasivamente discutida. Os generais brasileiros sempre disseram que fizeram tudo sozinhos. Gordon repetiu até a morte que "apenas torceu pela queda de Goulart", por temer que, a exemplo do que ocorrera no Egito, o presidente estivesse prestes a tomar uma rasteira interna e ser substituído por um esquerdista ainda mais radical e ditatorial. Na avaliação de Gordon, o governo Goulart estava tão fraco, era de tal forma odiado pela classe média urbana e temido pelos democratas (entre eles até os esquerdistas não marxistas como Celso Furtado) que cairia de podre assim que o primeiro carro blindado assomasse às ruas. Foi o que ocorreu. Goulart caiu, e isso foi comemorado em passeatas que reuniram centenas de milhares de pessoas no Rio de Janeiro e São Paulo. Se o golpe falhasse, o que fariam os americanos? Gordon disse que os americanos estavam preparados para atender a pedidos da indústria paulista, que temia perder suprimentos de óleo combustível. Mas nada poderiam fazer militarmente de imediato, por duas razões. A frota naval americana mais próxima estava a um mês de viagem das costas brasileiras. Segundo, como um país continente, o Brasil não poderia ser invadido sem minuciosos e longos preparativos. Disse Gordon a VEJA em 1997: "Se o golpe falhasse, esses preparativos começariam no dia seguinte". (em dezembro)

"Possuía uma rara combinação de experiência e conhecimento, idealismo e julgamento prático."
Lyndon Johnson, ex-presidente americano

Ricardo Montalbán
88 anos, ator

Everett Collection/Grupo Keystone


O mexicano Ricardo Montalbán foi o latin lover dos filmes de Hollywood nos anos 40 e 50 - ou seja, dava aquele calor na plateia de branquelas. Mas foi mais velho, e na TV, que encontrou o papel de sua vida: o enigmático Senhor Roarke da série Ilha da Fantasia, que com a ajuda do anão Tattoo realizava desejos especiais de turistas especiais, hospedados em uma ilha tropical dos sonhos. (em janeiro)

"Ele parecia ter tudo - um rosto fotogênico, o físico de um dançarino, talento, uma boa voz (até cantava), calor e muito charme."
Pauline Kael, crítica de cinema

Pina Bausch
68 anos, coreógrafa

Ursula Kaufmann/AFP


Até os anos 70, as coreografias de dança usavam apenas os movimentos corporais para desenvolver suas narrativas. Foi a alemã Pina Bausch quem difundiu a ideia de que os bailarinos também podiam falar e interagir com o público, por meio de uma gestualidade diferente da dos cânones clássicos. Nas suas criações, eles se debatiam em poças d’água, comiam cebolas ou fingiam dormir. Nos anos 70, tais espetáculos, que se tornariam conhecidos como dança-teatro, mesmerizavam as plateias. Hoje, muitos encenam coreografias semelhantes, o que só reforça a relevância de Pina Bausch para a dança do século XX. (em junho)

"Com um cigarro nas mãos e um sorriso indescritível, Pina Bausch marcou a dança contemporânea."
Pedro Almodóvar, diretor de cinema

Hélio Gracie
95 anos, lutador de jiu-jítsu

Ted Soqui


A difusão do jiu-jítsu no Brasil se deve aos irmãos Hélio e Carlos Gracie. Já temida nos anos 30, a dupla se juntou a outro irmão, Gastão, para dar uma surra no meio da rua em Manoel Rufino dos Santos, um ex-lutador de luta livre. Condenados, acabaram recebendo indulto do então presidente Getúlio Vargas. Eles ganharam a vida ensinando gerações a distribuir sopapos. Seus filhos levaram o jiu-jítsu para os Estados Unidos e o popularizaram em campeonatos de vale-tudo. Nos anos 90, a pancadaria assumiu contornos jurídicos. Hélio e seus nove filhos passaram a brigar com os herdeiros de Carlos pela marca Gracie no exterior. (em janeiro)

"Com o jiu-jítsu, os Gracie divulgaram o Brasil no exterior mais do que todas as campanhas da Embratur juntas."
Arthur Virgílio, senador e praticante de jiu-jítsu (inclusive fora da tribuna)

Walter Cronkite
92 anos, jornalista

Jesse Frohman/Corbis Outline/Latinstock


Deve-se a Walter Cronkite a criação do papel de âncora dos telejornais. E, como tal, ele gozou da confiança irrestrita dos americanos. Entre 1962 e 1981, período em que apresentou o principal noticiário da rede CBS, Cronkite encabeçou as pesquisas de credibilidade feitas nos Estados Unidos. Nos anos 60, tinha tamanha influência no país que abalava a Casa Branca com um simples arquear de sobrancelhas. Por causa de uma de suas reportagens sobre a Guerra do Vietnã, levada ao ar em 1968, o presidente Lyndon Johnson, que era seu amigo, desistiu de concorrer à reeleição. "Se perdi Cronkite, perdi o americano médio", explicou o então presidente. (em julho)

"Não haverá mais um homem tão confiável na América."
George Clooney, ator

Raúl Alfonsín
82 anos, político

Diego Goldberg/Sygma/Corbis/Latinstock


Político argentino que se preza sofre com o amor e o ódio dos eleitores. Raúl Alfonsín viveu essa sina como poucos. Chegou à Casa Rosada, em 1983, como o primeiro civil eleito para governar o país após oito anos de ditadura militar. Sua missão era enterrar o entulho autoritário e garantir que a democracia voltasse a vicejar. Ele reorganizou o estado e levou a julgamento generais do antigo regime, acusados do desaparecimento de 30 000 pessoas. O sucesso institucional, no entanto, não evitou que seu governo se convertesse em uma tragédia econômica. Em 1989, a hiperinflação bateu na casa de 4 900%. Pressionado, Alfonsín renunciou cinco meses antes de terminar seu mandato, e deixou o poder pela porta dos fundos. (em março)

"Foi um defensor dos direitos humanos, que ajudou a consolidar a democracia na grande nação argentina."
José Luis Zapatero, primeiro-ministro da Espanha

Anselmo Duarte
89 anos, cineasta

Flavio Canalonga


Nos anos 40 e 50, Anselmo Duarte arrancava suspiros das plateias femininas como o maior galã do cinema brasileiro. Sua consagração, no entanto, só viria mais tarde, como roteirista e diretor de O Pagador de Promessas (1962) - até hoje o único filme brasileiro a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França -, que se tornou um sucesso internacional. Baseada na obra de Dias Gomes, a fita trazia uma constelação de atores que marcariam por muitos anos o cinema e a televisão nacionais, como Leonardo Villar, Glória Menezes, Norma Bengell, Dionísio Azevedo, Othon Bastos, Geraldo Del Rey e Antonio Pitanga. Duarte ainda dirigiria nove filmes e escreveria o roteiro de outros tantos, mas jamais emplacaria um êxito semelhante (em novembro).

"Seu principal legado para nós, artistas, foi o amor com que ele realizava cada trabalho."
Tarcísio Meira, ator

Zé Rodrix
61 anos
, músico

Bubby Costa


Foi na voz de Elis Regina que o músico carioca Zé Rodrix experimentou, em 1972, seu primeiro e maior sucesso: Casa no Campo. Um verso dessa canção já antecipava o estilo que ele criaria pouco depois com a dupla Sá & Guarabyra: o rock rural, que misturava rock’n’ roll e ritmos folclóricos. Nos anos 80, Zé Rodrix enveredou por outras carreiras. Ingressou na publicidade e compôs trilhas sonoras, jingles, além de produzir espetáculos de teatro e programas de TV. Nesta década, abraçou a literatura. Lançou uma trilogia de ficção sobre a maçonaria, organização à qual pertencia. Em 2001, voltou à estrada com Sá & Guarabyra para divulgar um novo CD do trio. (em maio)

"Músico completo, filósofo louco, cômico, crítico mordaz e grande companheiro."
Guarabyra, músico

Paul Samuelson
94 anos, economista

Yale Joel/Time & Life Pictures/Getty Images


Poucos tiveram tanta influência no desenvolvimento do pensamento econômico quanto o americano Paul Samuelson. Ele formulou contribuições decisivas para a compreensão dos mais variados problemas da disciplina: do comércio exterior à polí-tica fiscal, do mercado de trabalho ao de ações. Formado na ortodoxa Universidade de Chicago, levou gerações de economistas a abraçar o viés oposto da teoria econômica, o keynesianismo. Entre eles estão Joseph Stiglitz e Paul Krugman, vencedores do Nobel, como o próprio Samuelson. Lançado há sessenta anos, seu livro Economia, um texto obrigatório, vendeu 4 milhões de cópias e o deixou rico. (em dezembro)

"Ele teve mais impacto na vida econômica dos Estados Unidos, e do mundo, do que muitos presidentes."
Lawrence Summers, diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca

Maurice Druon
90 anos, escritor

Horacio Villalobos/Corbis/Latinstock


Quando Hitler marchou sobre Paris, o jovem Maurice Druon usou a pena para lutar. Com um tio, escreveu o sanguinário Chant des Partisans, o hino da resistência francesa. No pós-guerra, sublimou sua agressividade e publicou O Menino do Dedo Verde, clássico infantojuvenil que narra a história de Tistu, um garoto capaz de fazer brotar flores em tudo o que toca. Era sua forma de celebrar o pacifismo. Na velhice, fez do machismo sua última batalha: bombardeou a entrada de mulheres na Academia Francesa de Letras. Dizia que, se elas fossem admitidas, surgiriam grupos "tricotando durante as discussões sobre o dicionário". Essa guerra ele perdeu. (em abril)

"Foi um grande escritor, um grande soldado da resistência e uma grande alma."
Nicolas Sarkozy,
presidente da França

Dirce Migliaccio e Ida Gomes
75 anos, atrizes

Fernando Seixas


Em O Bem-Amado, a primeira novela exibida em cores no Brasil, em 1973, Dirce Migliaccio e Ida Gomes divertiam o público com a interpretação de duas das três irmãs Cajazeiras (Dorinha Duval completava o trio). Solteironas fofoqueiras, sexualmente recalcadas, suas personagens entraram para a história da TV brasileira. Quatro anos mais tarde, Dirce alcançaria outro sucesso como a boneca Emília, na primeira versão do
Sítio do Picapau Amarelo, na mesma Rede Globo. (em setembro e fevereiro)

"O Brasil perdeu duas grandes atrizes. Já eu perdi a Dirce, a Emília da minha vida, e a Ida, que ensinava o meu personagem, Zeca Diabo, a ler em O Bem-Amado. Ela conquistou o meu coração."
Lima Duarte, ator

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