Pena que os velhos anarquistas mais libertários não viveram para ver um instrumento tão livre, poderoso e igualitário como a internet, que justamente por isso é tão temida pelas tiranias de esquerda ou de direita. Cada vez mais acessível a mais gente, ela nivela e aproxima, dá voz e imagem a todos e a qualquer um, é um espaço de liberdade e independência que cresce em proporção aos avanços tecnológicos que tornam as máquinas mais rápidas e potentes, mais leves e baratas.
É nesse território livre que surgem as primeiras evidências do que Chris Anderson chama de - whaall! - "Novo Socialismo" em texto-bomba na revista "Wired". A Wikipedia é um exemplo da socialização da informação, gratuita e mantida por contribuições voluntárias. Sem nenhuma interferência do Estado. Assim como as novas formas de compartilhamento, de troca de arquivos, os sites de buscas, o You Tube, significam uma inédita socialização da informação, do lazer, da arte e da opinião.
A diferença é que não são conquistas feitas pelos métodos totalitários e repressivos de Estados fortes, mas pela liberdade e o empreendedorismo só possíveis em sociedades abertas. Nenhum Estado comunista investiria nessas tecnologias de informação e comunicação, só para fins militares ou de propaganda. Se alguém ler para Hugo Chávez o texto da "Wired", o Beiçola vai levar um susto ao descobrir que o que ele chama de socialismo do século XXI é do XIX: o do terceiro milênio está na internet. Bytes o muerte, compañero!
Enquanto isso, em Brasília, anuncia-se mais um "fórum" para tentar encontrar instrumentos da democracia para instituir controles e limitações à imprensa, com o objetivo de "democratizar a informação", como se nossos jornais, rádios e televisões já não disputassem ferozmente a preferência do público e dos anunciantes, todos competindo pelas melhores produções, para todos os gostos.
Mas, com as lan houses se espalhando pelas cidades, computadores cada vez mais baratos e redes sem fio por toda parte, como é que eles vão fazer o "controle social" de 65 milhões de brasileiros on-line? Estão atrasados, mais uma vez. |