Thursday, September 14, 2006

Brasil continua devagar, diz FMI

ESTADO

Relatório do Fundo Monetário afirma que risco de populismo cria dúvidas sobre a América Latina

Rolf Kuntz

A economia brasileira continuará a crescer menos que a economia global e menos que a da América Latina em 2006 e no próximo ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A produção mundial aumentará 5,1% neste ano e 4,9% em 2007, mas também a inflação tenderá a subir e novas elevações de juros poderão ocorrer nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, de acordo com o Panorama Econômico Mundial distribuído pelo FMI.

Para o Brasil foi estimado um crescimento de 3,6% neste ano e 4% no próximo. São projeções superiores às divulgadas em abril, na edição anterior do relatório (3,5% em cada ano). Para a América Latina e o Caribe foram calculados 4,8% e 4,2% .

Destravar o potencial de crescimento continua a ser o desafio de longo prazo para a América Latina, de acordo com o Panorama. A região está menos vulnerável e conseguiu recuperar-se depois do choque financeiro de maio. A relação entre a dívida pública e o tamanho da economia diminuiu na maior parte da região, mas os gastos primários (isto é, não financeiros) aumentaram recentemente.

O baixo crescimento - o menor dentre as economias emergentes - e a lenta redução da pobreza têm gerado frustração popular, segundo o relatório. 'A incerteza política permanece uma preocupação, em parte refletindo as questões sobre a capacidade dos governos, em alguns países, de resistir a medidas populistas.'

A América Latina, assinala o Panorama, deveria preparar-se para uma situação internacional menos favorável, com juros em alta, mercado mais fraco para produtos básicos, com exceção do petróleo, e investidores menos dispostos a correr riscos. Disciplina fiscal deveria ser o núcleo de uma política de segurança contra choques.

O crescimento dos Estados Unidos foi projetado em 3,4% para este ano e 2,9% para o próximo. A expansão européia também deverá desacelerar, passando de 2,4% para 2%, assim como a japonesa (de 2,7% para 2,1%).

A maior parte da Ásia continuará em expansão acelerada. A economia chinesa deverá expandir-se 10% em cada um dos dois anos e a da Índia, 8,3% e 7,3%.

A inflação americana completará três anos de alta em 2006, chegando a 3,6%. Deverá diminuir para 2,9% em 2007, mas continuará superior à de 2004. As pressões vêm não somente do petróleo, mas também do estreitamento da capacidade ociosa.

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, manteve os juros na reunião de agosto, mas poderá ser levado a um novo aumento para conter o avanço da inflação. Novos aumentos poderão ocorrer também na Europa e no Japão.

Se esses aumentos ocorrerem, haverá pressão sobre o câmbio, que tenderá a se desvalorizar nos países latino-americanos, gerando pressões inflacionárias na região. Quanto mais lenta for a resposta dos bancos centrais, maior será, mais tarde, o custo do ajuste necessário.

PANORAMA

3,6% é a estimativa do FMI para o crescimento da economia brasileira em 2006

4% é a estimativa de expansão em 2007

4,8% é a expansão estimada da economia da América Latina e Caribe em 2006

3,4% é a estimativa de crescimento dos Estados Unidos em 2006
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