Assim não, Mônica Bergamo!
Assim não, Mônica Bergamo!
Volta e meia, Tio Rei brinca aqui com vocês de entender os bastidores do jornalismo e de desconstruir certas versões que não passam de plantação a serviço de políticos — ou da pura e simples fantasia de grupinhos de jornalistas.
Na Folha de amanhã, domingo, Mônica Bergamo assina uma reportagem cujo título é “Êxito de Alckmin azeda plano do tucanato”. Vocês lerão. Segundo o texto, havia um acordo firmado entre PSDB e PT, e a possibilidade de Alckmin vencer a disputa atrapalha tudo. Em que consistia esse acordo? Simples: Lula venceria agora, em 2006, e, em 2010, Aécio Neves ou José Serra levaria a Presidência da República, com o provável apoio do PT. Para que a teoria conspiratória se sustente, uma primeira precondição se faz necessária:
- Alckmin foi feito candidato do PSDB, mas, na verdade, era só um bobalhão escolhido pela cúpula para perder. Já que seria impossível ganhar de Lula, então decidiram não queimar a ficha de Serra.
Ora, o juízo despreza o fato elementar de que Alckmin impôs a sua candidatura e ponto final. O preço para que não fosse candidato seria a derrota numa convenção. E os tucanos certamente marchariam rachados para a disputa. Imaginem um Serra deixando a Prefeitura de São Paulo para ser o candidato de um partido dividido. Mônica Bergamo despreza o fato óbvio de que não foi a cúpula do tucanato que bateu no ombro de Alckmin e disse: “Vá lá, você pode”. Foi ele quem disse: “Vou porque posso”.
Mas vamos dar seqüência à coisa. Como já estava tudo acertado para Lula ganhar agora — lembrem-se: Mônica fala de “um acordo informal que estava sendo firmado entre lideranças do PSDB e o presidente Lula” —, para celebrá-lo e lhe dar substância, os petistas fazem o quê? Ora, armam a trama do dossiê para destruir a candidatura Serra. Entenderam? Não faz todo sentido???
É impressionante. A teoria não pára de pé cinco minutos. Todos sabem que o dossiê nem buscava alvejar Alckmin. A idéia era transformar Serra no chefe dos sanguessugas, com a ajuda da revista IstoÉ. Participaram da tramóia todos os homens do presidente. Não sei se vocês notam a sutileza: SEGUNDO A VERSÃO DE MÔNICA BÉRGAMO, O PRESIDENTE LULA NÃO SABIA DE NADA, CERTO?
Sim, se soubesse, teria impedido. Tanto que ela reproduz supostas aspas de Lula, contra, aliás, o que recomenda o Manual da Folha: “As pessoas vêm me falar de Serra e de Aécio. Quem disse que um deles não pode estar no nosso palanque em 2010. Ou que eu não posso estar no palanque de um deles?” Lula disse isso à jornalista? Não! Há o nome de quem disse isso à jornalista? Também não. E como se justificam essas aspas abonadoras da veracidade da frase? Como é que Mônica junta o dossiê nesse sopão de suposições sem que a receita desande?
Eu já havia desancado aqui um historinha que Mônica Bergamo havia narrado em sua coluna social. Segundo ela, um deputado petista, muito bem votado, num jantar com empresários, relatou o tal pacto, que agora foi rompido. O autor do relato tem o mesmo nome do dono das aspas; nenhum. Ela requenta a informação, publica de novo. Quando Mônica Bergamo quer provar que está certa, recorre às matérias com fontes secretas de... Mônica Bergamo.
É claro que ela não vai querer elucidar o enigma neste espaço. Se quiser, está aberto. Mas não precisa dele. Tem seu jornal. Tem sua coluna social. Vamos ver:
1) Até explodir o caso do dossiê, Lula vencia a eleição no primeiro turno;
2) Se vencia a eleição no primeiro turno, então aquele suposto pacto entre PT e PSDB estava valendo;
3) Se estava valendo, por que o PT armou a história do dossiê?:
4) E por que o dossiê era contra Serra, não contra Alckmin?;
5) O PT fez algumas dessas perguntas, inicialmente, para tentar provar que não tinha motivos para se meter na sujeira. Mas tinha, claro: a idéia era liquidar aquele que era candidato a liderar a oposição: Serra;
6) Mas o combinado não era justamente fazer um pacto Serra-Lula e/ou Serra-Aécio?
Mônica se abraçou à sua tese conspiratória. Para quem entra nessa, tanto os indícios como a sua inexistência são provas cabais da conspiração. Ora, se Aécio e Serra não querem Alckmin eleito, o normal é que fizessem, agora, corpo mole, certo? Certo. Ah, mas a jornalista é muito mais esperta. Provando que a conspiração sempre existiu, ela escreve: “O mais irônico é que tanto Serra quanto Aécio , pressionados por Alckmin e sobretudo pelos eleitores tucanos que querem Lula fora do Planalto, devem se engajar agora na campanha”. Entenderam? Tanto uma coisa como o seu exato oposto provam a mesma teoria.
Sempre falo tudo
Você sabe, né, leitor? Sempre falo tudo. Sei bem como surgem certas matérias. Bati o olho nesta da Folha e estou vendo aí o trabalho, nada limpo, de certos assessores de Alckmin, que, a exemplo do “meninos” de Lula, querem prestar serviços ao chefe. Mais uma vez, um bando de idiotas, para se fazer passar por influente junto a jornalistas, exerce suas rivalidades ridículas contra a questão principal: tirar Lula do Planalto.
Mas não é só: a exemplo do tal “deputado petista de muitos votos”, há aí o PT trabalhando firmemente. A “reportagem” de Mônica Bergamo isenta Lula de qualquer responsabilidade pelo dossiê. Na verdade, ele teria existido contra os interesses estratégicos do próprio presidente. Mais: ainda agora, como Lula não quer Serra engajado na campanha de Alckmin, como aposta no seu corpo mole, faz o quê? Liga para Aécio e sugere que ele tire férias em Paris e desce o sarrafo, em Caruaru, no governador eleito de São Paulo.
Leiam direito jornais, blogs e colunas. Há um grupo de jornalistas que, com Mônica, repete as sandices que vão acima. É a mesma matéria e a mesma tese. Não porque se sustentem em fatos. Mas porque seus autores pertencem à mesma, como direi? grei. A melhor forma de impedir a eleição de Alckmin é deixar essa besteira prosperar. Não que os jornalistas tenham de torcer pela vitória do tucano (eu torço, mas conto isso; o problema está nos covardes que torcem pela de Lula e se fingem de neutros). Basta que torçam pela verdade.
Pois eu sustento e dou fé: a versão de Mônica Bergamo e amigos de que havia um pacto entre PSDB e PT é mentirosa. É uma versão petista, elaborada para livrar a cara de Lula no caso do dossiê. E, infelizmente, alimentada por alguns imbecis que se acreditam a serviço de Alckmin. E acabam se esforçando para eleger... Lula.
Na Folha de amanhã, domingo, Mônica Bergamo assina uma reportagem cujo título é “Êxito de Alckmin azeda plano do tucanato”. Vocês lerão. Segundo o texto, havia um acordo firmado entre PSDB e PT, e a possibilidade de Alckmin vencer a disputa atrapalha tudo. Em que consistia esse acordo? Simples: Lula venceria agora, em 2006, e, em 2010, Aécio Neves ou José Serra levaria a Presidência da República, com o provável apoio do PT. Para que a teoria conspiratória se sustente, uma primeira precondição se faz necessária:
- Alckmin foi feito candidato do PSDB, mas, na verdade, era só um bobalhão escolhido pela cúpula para perder. Já que seria impossível ganhar de Lula, então decidiram não queimar a ficha de Serra.
Ora, o juízo despreza o fato elementar de que Alckmin impôs a sua candidatura e ponto final. O preço para que não fosse candidato seria a derrota numa convenção. E os tucanos certamente marchariam rachados para a disputa. Imaginem um Serra deixando a Prefeitura de São Paulo para ser o candidato de um partido dividido. Mônica Bergamo despreza o fato óbvio de que não foi a cúpula do tucanato que bateu no ombro de Alckmin e disse: “Vá lá, você pode”. Foi ele quem disse: “Vou porque posso”.
Mas vamos dar seqüência à coisa. Como já estava tudo acertado para Lula ganhar agora — lembrem-se: Mônica fala de “um acordo informal que estava sendo firmado entre lideranças do PSDB e o presidente Lula” —, para celebrá-lo e lhe dar substância, os petistas fazem o quê? Ora, armam a trama do dossiê para destruir a candidatura Serra. Entenderam? Não faz todo sentido???
É impressionante. A teoria não pára de pé cinco minutos. Todos sabem que o dossiê nem buscava alvejar Alckmin. A idéia era transformar Serra no chefe dos sanguessugas, com a ajuda da revista IstoÉ. Participaram da tramóia todos os homens do presidente. Não sei se vocês notam a sutileza: SEGUNDO A VERSÃO DE MÔNICA BÉRGAMO, O PRESIDENTE LULA NÃO SABIA DE NADA, CERTO?
Sim, se soubesse, teria impedido. Tanto que ela reproduz supostas aspas de Lula, contra, aliás, o que recomenda o Manual da Folha: “As pessoas vêm me falar de Serra e de Aécio. Quem disse que um deles não pode estar no nosso palanque em 2010. Ou que eu não posso estar no palanque de um deles?” Lula disse isso à jornalista? Não! Há o nome de quem disse isso à jornalista? Também não. E como se justificam essas aspas abonadoras da veracidade da frase? Como é que Mônica junta o dossiê nesse sopão de suposições sem que a receita desande?
Eu já havia desancado aqui um historinha que Mônica Bergamo havia narrado em sua coluna social. Segundo ela, um deputado petista, muito bem votado, num jantar com empresários, relatou o tal pacto, que agora foi rompido. O autor do relato tem o mesmo nome do dono das aspas; nenhum. Ela requenta a informação, publica de novo. Quando Mônica Bergamo quer provar que está certa, recorre às matérias com fontes secretas de... Mônica Bergamo.
É claro que ela não vai querer elucidar o enigma neste espaço. Se quiser, está aberto. Mas não precisa dele. Tem seu jornal. Tem sua coluna social. Vamos ver:
1) Até explodir o caso do dossiê, Lula vencia a eleição no primeiro turno;
2) Se vencia a eleição no primeiro turno, então aquele suposto pacto entre PT e PSDB estava valendo;
3) Se estava valendo, por que o PT armou a história do dossiê?:
4) E por que o dossiê era contra Serra, não contra Alckmin?;
5) O PT fez algumas dessas perguntas, inicialmente, para tentar provar que não tinha motivos para se meter na sujeira. Mas tinha, claro: a idéia era liquidar aquele que era candidato a liderar a oposição: Serra;
6) Mas o combinado não era justamente fazer um pacto Serra-Lula e/ou Serra-Aécio?
Mônica se abraçou à sua tese conspiratória. Para quem entra nessa, tanto os indícios como a sua inexistência são provas cabais da conspiração. Ora, se Aécio e Serra não querem Alckmin eleito, o normal é que fizessem, agora, corpo mole, certo? Certo. Ah, mas a jornalista é muito mais esperta. Provando que a conspiração sempre existiu, ela escreve: “O mais irônico é que tanto Serra quanto Aécio , pressionados por Alckmin e sobretudo pelos eleitores tucanos que querem Lula fora do Planalto, devem se engajar agora na campanha”. Entenderam? Tanto uma coisa como o seu exato oposto provam a mesma teoria.
Sempre falo tudo
Você sabe, né, leitor? Sempre falo tudo. Sei bem como surgem certas matérias. Bati o olho nesta da Folha e estou vendo aí o trabalho, nada limpo, de certos assessores de Alckmin, que, a exemplo do “meninos” de Lula, querem prestar serviços ao chefe. Mais uma vez, um bando de idiotas, para se fazer passar por influente junto a jornalistas, exerce suas rivalidades ridículas contra a questão principal: tirar Lula do Planalto.
Mas não é só: a exemplo do tal “deputado petista de muitos votos”, há aí o PT trabalhando firmemente. A “reportagem” de Mônica Bergamo isenta Lula de qualquer responsabilidade pelo dossiê. Na verdade, ele teria existido contra os interesses estratégicos do próprio presidente. Mais: ainda agora, como Lula não quer Serra engajado na campanha de Alckmin, como aposta no seu corpo mole, faz o quê? Liga para Aécio e sugere que ele tire férias em Paris e desce o sarrafo, em Caruaru, no governador eleito de São Paulo.
Leiam direito jornais, blogs e colunas. Há um grupo de jornalistas que, com Mônica, repete as sandices que vão acima. É a mesma matéria e a mesma tese. Não porque se sustentem em fatos. Mas porque seus autores pertencem à mesma, como direi? grei. A melhor forma de impedir a eleição de Alckmin é deixar essa besteira prosperar. Não que os jornalistas tenham de torcer pela vitória do tucano (eu torço, mas conto isso; o problema está nos covardes que torcem pela de Lula e se fingem de neutros). Basta que torçam pela verdade.
Pois eu sustento e dou fé: a versão de Mônica Bergamo e amigos de que havia um pacto entre PSDB e PT é mentirosa. É uma versão petista, elaborada para livrar a cara de Lula no caso do dossiê. E, infelizmente, alimentada por alguns imbecis que se acreditam a serviço de Alckmin. E acabam se esforçando para eleger... Lula.