Saturday, March 13, 2010

Carta ao Leitor


As desculpas clássicas

A capa de VEJA
da semana passada: às revelações da revista se seguiram o sofisma e a dialética a serviço do encobrimento do erro

Os corruptos da política pegos em flagrante delito em todos os tempos e latitudes não costumam dar o braço a torcer facilmente. Reconhecer o erro e prontificar-se a ser punido nunca são, é óbvio, as opções escolhidas. A reação imediata deles é recorrer à combinação de características que, em grande parte, os levou a fazer sucesso na atividade. A saber: o dom da retórica, o poder de dissimulação, a forte autoestima, a noção de que as versões podem valer mais do que os fatos e a certeza maquiavélica de que se honra e honestidade regessem o mundo eles próprios não teriam chegado aonde chegaram.

A vida pública brasileira tem sido palco constante desses exercícios de cinismo. Isso vem se repetindo previsivelmente desde a semana passada, quando VEJA revelou que caminha para o desfecho o inquérito em que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, cotado para a mesma função na campanha presidencial de Dilma Rousseff, é acusado de numerosos crimes – entre eles o desvio de dinheiro público e privado para a formação de caixa dois eleitoral.

Bastou a capa de VEJA chegar à casa dos assinantes e às bancas para que Vaccari e seus correligionários sacassem do bolso do colete as redondilhas já tornadas clássicas nos escândalos dos sete anos de governo petista. Diante das provas dos crimes compiladas pela promotoria e reveladas pela revista, os envolvidos saíram-se com as seguintes desculpas:

■ O assunto é velho e foi requentado.
■ A motivação é eleitoreira.
■ A culpa é da imprensa.
■ Nossos adversários fazem a mesma coisa.
■ No Brasil só se dá destaque anotícia ruim.

Doravante VEJA vai listar as desculpas dadas por corruptos pegos com a boca na botija nas categorias acima. A revista convida os leitores que encontrarem outras dessas pérolas a compartilhar seus achados no site VEJA.com.

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