Conselho impede troca de comando no fundo de pensão de Furnas
G1
Pelo regimento, proposta teria que ser assinada por 4 dos 6 conselheiros.
Ministério de Minas e Energia estuda pedir auditoria no fundo.
Funcionários fazem paralisação na porta de Furnas
contra mudança na diretoria do fundo de pensão Real
Grandeza (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Após reunião na tarde desta quinta-feira (26), o conselho
deliberativo da Fundação Real Grandeza (FRG) impediu a troca do
comando do fundo de pensão dos funcionários de Furnas.
A informação é da assessoria de imprensa da FRG, acrescentando
que seriam necessárias, na reunião desta quinta-feira (26) as
assinaturas de quatro dos seis conselheiros, o que não ocorreu.
Em meio à polêmica estão um patrimônio de R$ 6,3 bilhões e 12,5
mil filiados, dos quais 6,5 mil pensionistas e aposentados.
Os sindicatos do setor energético, que têm base de atuação nas
estatais da área, estão promovendo manifestações para evitar a
substituição de diretores do Fundo Real Grandeza.
Em Brasília, o Ministério de Minas e Energia divulgou nota
informando que estuda se vai pedir à Controladoria Geral da
União uma auditoria no Fundo Real Grandeza. Segundo o
ministério, Furnas não recebe as informações sobre as aplicações
financeiras do fundo desde outubro do ano passado .
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse adiado por
tempo indeterminado as alterações na direção da Real Grandeza,
pelo estatuto, a reunião desta quinta-feira teve de ser mantida. Feita uma
votação, cinco dos seis conselheiros votaram a favor da
manutenção da pauta.
No entanto, a proposta para substituição dos
diretores, apresentada pelo presidente do conselho, Victor
Albano, sequer chegou a ser apreciada, segundo informou a
assessoria da Fundação Real Grandeza.
Conselheiro acusa, PMDB rejeita
O conselheiro Jeovah Machado, eleito pelos empregados
aposentados, argumentou que, pelo regimento, como a proposta já
havia sido apresentada e rejeitada anteriormente, em novembro de
2007, para voltar à pauta teria de ser aprovada pela maioria do conselho.
“O que está se querendo é usar o patrimônio da fundação a favor
de interesses escusos. Basta consultar as pessoas que trabalham
hoje em Furnas. A atuação partidária é vergonhosa”, diz o conselheiro.
O presidente da Câmara, deputado Michel Temer, negou que o PMDB
tenha interesse nos cargos:
“Não é o PMDB, não, é uma questão administrativa
do Ministério das Minas e Energia e Furnas, não é uma questão do
PMDB, eu deixo isso muito claro”, afirmou Temer.
Furnas
Pelo estatuto, o mandato dos atuais diretores só termina em
outubro. Procurada pelo G1, Furnas não se
pronunciou sobre o assunto.
Em nota publicada em jornais nesta quinta-feira (26), a estatal
informou que as substituições do presidente e do diretor
financeiro do fundo são necessárias porque não tem recebido
relatórios sobre a situação exata do patrimônio da aposentadoria
dos empregados.
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“Furnas solicitou, como patrocinadora, informações sobre o
desempenho das aplicações financeiras da fundação. No entanto,
até o momento, passados dois meses do encerramento do exercício
de 2008, a empresa não recebeu dados que comprovem os bons
resultados da gestão da atual diretoria, que vêm sendo
divulgados insistentemente pela entidade”, diz um trecho da nota.
Paralisação
De 7h30 ao meio-dia desta quinta, funcionários promoveram a paralisação do serviço e
fizeram uma mobilização na sede de Furnas, em Botafogo, na Zona
Sul do Rio. Eles protestavam contra o que chamaram de manobra do
governo federal e do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão,
para mudar a direção do fundo de pensão dos eletricitários.
De acordo com o conselheiro eleito, o aposentado
Jeovah Machado, há uma manobra política para substituir a atual
direção, eleita em 2005, por quadros do PMDB. O mandato da atual
diretoria termina no final deste ano. Eles dizem que estão
lutando pelo patrimônio da Fundação Real Grandeza.
"Essa diretoria que está aí conseguiu
recuperar o patrimônio da Real Grandeza. Esse fundo não é de
Furnas, não é do governo, é dos funcionários e pensionistas. Não
há motivo para mudar a direção quando ela está defendendo o
nosso patrimônio. Se há uma quadrilha, como disse um senador do
PMDB, ela está cercando o ministro. Ela não está na
Fundação", disse Machado.
Atuação partidária
Machado lembrou que em 2003/2004 a fundação passou por uma grave
situação, perdendo cerca de R$ 153 milhões. Ele diz que o PMDB
está querendo fazer um acordo com o governo federal para tomar
conta do patrimônio da Real Grandeza.
“A atuação partidária é vergonhosa. É inequívoco
que há uma tentativa do PMDB de assumir o controle da Real
Grandeza, que se deu durante a gestão do ex-presidente de Furnas
Luiz Paulo Conde – indicado pelo deputado Eduardo Cunha (um dos
representantes do PMDB, no Rio). Eles estão tentando substituir
os diretores atuais pelos mesmos nomes apresentados no passado e
que lesaram o fundo”, disse Machado.
Entre os manifestantes estava Doralice Coelho da Silva, de 89
anos, auxiliar administrativa aposentada.